Com informações do MCTI - 25/07/2012
Gestão espacial
Em uma conferência realizada na 64ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), o presidente da Agência Espacial Brasileira (AEB), José Raimundo Braga Coelho, falou sobre o aspecto econômico do Programa Espacial Brasileiro.
Seu objetivo era destacar como os empreendimentos ligados à exploração espacial podem impulsionar o Brasil na convergência mundial dentro do setor.
Outro item destacado pelo dirigente foi o desenho de um novo modelo de gestão do programa espacial brasileiro.
Posição intermediária
O Brasil, que hoje ocupa uma posição intermediária na detenção dos recursos tecnológicos utilizados para o setor, pretende angariar recursos a partir do início dos lançamentos de satélites geoestacionários de comunicação e meteorológicos.
O mercado de lançamentos de satélites arrecada cerca de US$ 200 bilhões de dólares por ano.
"Estamos inaugurando um momento novo no Brasil. É importante para o país ter autonomia na produção de satélites, foguetes e lançamentos. O desenvolvimento na área de comunicação se deve exatamente à utilização de satélites, e hoje, 90% dos satélites de comunicação no mundo têm fins comerciais", observou.
Base de lançamentos de Alcântara
"Alcântara [MA] é um dos melhores pontos de lançamento de satélites comerciais no mundo. O custo para uma operação de lançamento a partir dali é 30% menor," ressaltou o presidente da AEB.
"A decisão por Alcântara deve-se a dois requisitos básicos. A posição geográfica, já que está quase alinhada com o plano equatorial, onde a força de rotação da Terra possibilita maior facilidade nos lançamentos de satélites.
"E, mais do que isso, tem uma abrangência litorânea fantástica, com mais de 180 graus, sendo assim, os riscos no lançamento são praticamente nulos. Não existe nenhuma situação tão privilegiada como esta no mundo para lançamentos," explicou.
Satélites brasileiros
Segundo o executivo, o principal passo para a construção de satélites de comunicação no Brasil foi a criação de uma empresa integradora, a Visiona, que será gerida pelas empresas Embraer e Telebrás.
"É a terceira fabricante de aviões do mundo com outra que já atua na área, então, elas têm todos os requisitos para se envolver na área espacial utilizando os seus modelos de gestão já consagrados, depois fazer a junção com o governo para ser uma empresa integradora", disse.
O novo modelo de gestão ao qual José Raimundo Braga Coelho se refere envolve três interlocutores: O Comitê Diretor de Projeto (CDP), que entre outras atribuições irá gerenciar o financeiro e o contrato, o Escritório de Projeto (EP), que deverá aprovar planos e cronogramas, e a Empresa Industrial Nacional, a Visiona, que deverá gerenciar subcontratos e ser responsável por testes e suporte logístico.
Alavancagem espacial
O presidente da Agência Espacial Brasileira ilustrou com números a importância do investimento na produção de satélites, considerados produtos de alto valor agregado.
"Enquanto um investimento comercial neste setor representa um retorno de US$ 50 mil, no de aviação seria US$ 10 mil, e no de commodities, 2 centavos de dólar".
A criação de postos de trabalho foi apontada como outro fator positivo: "Na Europa são gerados cerca de 30 mil empregos no setor, e apenas na NASA, nos Estados Unidos, são 14 mil funcionários atuando."