Redação do Site Inovação Tecnológica - 15/11/2022
Erros do GPS no Brasil
Há anos pesquisadores tentam desvendar um enigma: Em algumas regiões brasileiras, e mais fortemente na região amazônica, os aparelhos de GPS simplesmente começam a se comportar de maneira errática, fornecendo leituras erradas mescladas com leitura corretas.
A teoria mais forte para explicar esse enigma associa as anomalias nos sinais de GPS com bolhas de plasma no espaço.
Para confirmar essa teoria, na próxima semana subirá ao espaço o cubesat SPORT, uma parceira entre a NASA, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e o Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA).
O pequeno satélite, cujo nome é uma sigla em inglês para "Tarefa de Pesquisa Observacional para Previsão de Cintilação, será levado para a Estação Espacial Internacional a bordo da missão SpaceX-26, com previsão para lançamento em 21 de Novembro. Posteriormente, o satélite será lançado ao espaço para começar suas observações.
Compreender as condições que levam às bolhas de plasma ajudará a melhorar a tecnologia GPS, tornando-a menos suscetível às interferências que ocorrem no Brasil.
Bolhas de plasma
O objetivo da missão SPORT é investigar bolhas de plasma que se formam na atmosfera terrestre, um fenômeno típico do chamado "clima espacial".
O satélite irá monitorar o estado da ionosfera, a camada que fica de 60 a 1.000 quilômetros acima da superfície da Terra, composta de íons e plasma ionosférico, para tentar determinar por que as bolhas de plasma às vezes se formam lá.
Quando as ondas de rádio dos satélites GPS tentam passar através das bolhas de plasma na ionosfera, os sinais podem ficar distorcidos. Essa distorção é conhecida como cintilação, um problema que afeta a confiabilidade do GPS e afeta todos os serviços dependentes dele, dos aplicativos de navegação rodoviária à agricultura de precisão e sistemas de pouso automatizado nos aeroportos.
Estações de monitoramento em terra no Brasil registrarão o padrão de cintilação nas ondas que passam pela ionosfera e os compararão com a medição do plasma turbulento no espaço feita pelo satélite.
O Brasil está localizado sob a Anomalia do Atlântico Sul ou Anomalia Magnética da América do Sul, que ocorre quando a radiação espacial mergulha muito perto da Terra devido a um campo magnético mais fraco na região. Os pesquisadores também querem saber se essa região é diferente de outros locais equatoriais em relação às bolhas de plasma.