Com informações da AEB e MCTI - 25/03/2014
Nanossatélites brasileiros
Três nanossatélites brasileiros serão lançados a partir da Estação Espacial Internacional (ISS, na sigla em inglês) no segundo semestre deste ano.
Para isso, a Agência Espacial Brasileira (AEB) assinou contrato com a Japan Manned Space Systems Corporation (JAMSS), parceira da Agência Espacial Japonesa (JAXA), que opera o laboratório espacial Kibo e o dispositivo de lançamento de nanossatélites.
Pelo acordo, serão lançados os nanossatélites AESP-14, Serpens (Sistema Espacial para a Realização de Pesquisa e Experimentos com Nanossatélites) e UbatubaSat.
O AESP-14 é um cubesat desenvolvido pelos institutos Tecnológico de Aeronáutica (ITA) e Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), ambos em São José dos Campos (SP).
O Serpens é um programa coordenado pela AEB, que envolve diversas universidades brasileiras, uma espanhola e duas norte-americanas.
Finalmente, o UbatuSat foi criado por alunos do ensino médio da Escola Municipal Presidente Tancredo de Almeida Neves, de Ubatuba (SP), com apoio do INPE.
Um quarto nanossatélite brasileiro, o NanosatC-Br1, também já está pronto para ir ao espaço - ele será lançado a bordo de um foguete russo, e não da ISS.
O NanosatC-BR-2 está em fabricação e a expectativa é de que ele seja lançado em 2015.
Rastreamento de satélites
Todos os projetos têm o apoio e recursos da AEB, que está construindo também uma infraestrutura de antenas de rastreamento que viabilizará a operação de toda uma frota de nanossatélites.
O projeto da AEB com os nanossatélites é uma tentativa de compensar parte do tempo perdido depois do acidente na Base de Alcântara, em 2003.
Para tentar atrair mais empresas e instituições de pesquisa para o esforço, a Agência trouxe ao país Jordi Puig-Suari, uma das maiores autoridades internacionais no desenvolvimento desses satélites de pequeno porte.
Jordi Puig-Suari, professor de engenharia aeroespacial da Universidade Politécnica da Califórnia, é, ao lado de Bob Twiggs, considerado o inventor dos nanossatélites.
Ele passará uma semana no Brasil, fazendo a revisão crítica dos nanossatélites brasileiros atualmente em construção - NanosatBR1, AESP-14, Projeto Serpens, ITASat e UbatubaSat.
Vantagens dos nanossatélites
Com peso entre 1 e 5 quilos, os nanossatélites têm diversos tipos de aplicações.
Em geral, eles são usados para sensoriamento remoto da superfície terrestre, por meio de fotografias de alta resolução, para a coleta de dados meteorológicos e hidrográficos, monitorar desmatamentos e irradiações atmosféricas e outros tipos de experiências científicas.
"Antes de tudo, eles têm menor custo e, pela menor dimensão, é mais barato, fácil e rápido colocá-los em órbita. São mais fáceis de serem operados e, o mais importante: têm uma engenharia de sistema mais integrada," disse Puig-Suari.
Apesar de pequenos, os nanossatélites têm todas as partes dos grandes satélites: antenas, comunicação por rádio, sistema de controle de energia, painel solar, estrutura (uma espécie de esqueleto do satélite), computador de bordo, sistemas de posicionamento e de propulsão.
A diferença é que é tudo miniaturizado e acondicionado em um invólucro do tamanho de uma caixa de sapatos, ou até menor - os menores nanossatélites, os cubesats, têm 10 centímetros de lado.
Os nanossatélites são mais baratos também por não usarem equipamentos específicos para satélites, e sim partes compradas no comércio - vários deles são controlados por telefones celulares.
"Esses satélites tornam o acesso ao espaço mais simples. São mais fáceis de serem construídos e é mais rápido lançá-los. Com isso, o projeto avança mais rapidamente e [...] ajuda na preparação de estudantes", acrescentou o pesquisador.