Redação do Site Inovação Tecnológica - 26/05/2023
Satélite de madeira
Um projeto internacional liderado pela Universidade de Kyoto, no Japão, testou e confirmou a alta durabilidade de uma "madeira espacial", uma madeira natural que está sendo selecionada para fabricar satélites artificiais de madeira.
Os experimentos, realizados a bordo da Estação Espacial Internacional, mostraram uma deterioração mínima e uma boa estabilidade das amostras - as amostras foram colocadas do lado de fora da Estação.
As melhores amostras agora serão usadas para construir o primeiro satélite artificial de madeira do mundo, já batizado de LignoSat.
Os pesquisadores realizaram uma inspeção envolvendo testes de resistência e análises estruturais elementares e cristalinas das amostras de madeira recuperadas pelo astronauta Koichi Wakata, e trazidas de volta à Terra na missão CRS-26.
Apesar do ambiente extremo do espaço sideral, envolvendo mudanças radicais de temperatura a cada 90 minutos, além da exposição a intensos raios cósmicos e partículas solares perigosas, e tudo isso durante 10 meses, os testes mostraram que não houve nenhuma decomposição ou deformação das amostras de madeira - foram checadas rachaduras, deformações, descamação ou danos à superfície.
Também não houve mudança de massa em nenhum dos espécimes de madeira, na comparação antes e depois da exposição ao espaço.
Magnólia, madeira espacial
Foram testados três corpos de prova de madeira: Magnólia, bétula e cerejeira. A melhor delas foi a madeira de magnólia (Magnolia grandiflora) - ou hoonoki em japonês.
Com o bom comportamento de todas as amostras, a equipe fez a seleção pela trabalhabilidade relativamente alta, estabilidade dimensional e resistência geral da magnólia.
Em abril de 2020, a Universidade de Kyoto e a Sumitomo Forestry lançaram em conjunto o Projeto de Madeira Espacial LignoStella. O maior argumento para a construção de satélites artificiais de madeira é que eles queimarão totalmente na reentrada na atmosfera, sem riscos para a população, sem liberar substâncias nocivas ou fazer chover detritos no solo quando chegarem ao fim de sua vida útil.
Os testes de exposição da madeira ao espaço duraram 290 dias e foram realizados no lado externo do Módulo Experimental Japonês Kibo.
O LignoSat está programado para ser lançado em 2024, em uma missão conjunta da NASA e da JAXA.
Mas o grupo de pesquisa também está investigando o mecanismo fundamental da degradação da madeira em nível nanoscópico. Isso poderá levar à criação de materiais à base de madeira robustos e de alto desempenho para novas aplicações aqui no solo.