Redação do Site Inovação Tecnológica - 13/05/2010
Após fornecer milhares de imagens do Brasil e China, além de países da América do Sul e até da África, o satélite Cbers-2B teve suas operações dadas como encerradas pelo Comitê Conjunto do Programa Cbers (JPC, na sigla em inglês).
Lançado em 19 de setembro de 2007, o satélite foi construído a partir de equipamentos e peças remanescentes do Cbers-2 e tinha vida útil estimada em dois anos.
Imagens de satélite gratuitas
O Cbers-2B gerou cerca de 74 mil imagens com a câmera CCD, 11 mil com a WFI e 300 mil com a HRC, apenas sobre a América do Sul.
O total de órbitas em torno da Terra chegou a 13 mil. Foram distribuídas gratuitamente cerca de 270 mil imagens deste satélite a usuários brasileiros e outras 60 mil a usuários de mais de 40 países.
Perda de contato
Técnicos brasileiros e chineses tentavam restabelecer a operação normal do Cbers-2B desde março, quando verificados os primeiros problemas no satélite, o terceiro lançado pelo Programa Satélites Sino-Brasileiros de Recursos Terrestres (Cbers).
Em 16 de abril os centros de controle brasileiro e chinês não conseguiram estabelecer contato com o equipamento e, desde então, o satélite tem enviado sinais intermitentes que indicam falta de energia. Como as chances de se restabelecer o funcionamento normal são mínimas, a Agência Chinesa de Tecnologia Espacial (Cast) e o Inpe, responsável no Brasil pelo Programa Cbers, deram como encerrada a vida útil do artefato.
Nova geração de satélites
O próximo satélite do programa será o Cbers-3, que tem lançamento previsto para o segundo semestre de 2011. Primeiro da segunda geração de satélites desenvolvidos pela parceria sino-brasileira, ele marcará uma evolução em relação aos Cbers-1, 2 e 2B. Assim como o Cbers-4, que deve ser lançado em 2014, o três será mais sofisticado e terá quatro câmeras imageadoras, enquanto os anteriores tinham três.
O encerramento da operação do Cbers-2B reduz o número de imagens utilizadas em programas como Prodes e Deter, que monitoram o desmatamento na Amazônia. A continuidade dos programas é garantida pelo uso de imagens dos satélites americanos Terra/Modis e Landsat-5, e do indiano Resourcesat. Mesmo operando em condições não ideais, o Inpe continuará a fornecer os dados necessários ao monitoramento do território brasileiro.
O Programa Cbers
Os satélites do Programa Cbers são resultado do acordo, assinado em 22 de agosto de 1988, entre a Cast e o Inpe. Este primeiro acordo de cooperação previa o desenvolvimento e construção de dois satélites de sensoriamento remoto.
O Cbers-1 foi lançado em outubro de 1999 e já em 2002 foi assinado novo acordo para a continuação do programa, estabelecendo a construção de dois outros satélites - os Cbers-3 e 4, com novas cargas úteis - e a divisão de investimentos em 50% para cada país (nos primeiros satélites a divisão foi de 70% para a China e 30% para o Brasil). O lançamento do Cbers-2 foi em outubro de 2003 e ele funcionou até o início de 2009.
Em 2004, para abreviar o tempo entre o final da vida útil do Cbers-2 e o lançamento do Cbers-3, Brasil e China decidiram construir a partir de equipamentos e peças remanescentes dos primeiros satélites o Cbers-2B, que foi lançado em setembro de 2007.
Imagens gratuitas
O Cbers é um exemplo bem-sucedido de cooperação Sul-Sul na área de alta tecnologia e um dos pilares da parceria estratégica entre o Brasil e a China.
Em abril último foi assinado o memorando de entendimento que definiu a política de dados Cbers, tornando global a distribuição gratuita de suas imagens e consolidando o Programa como um importante instrumento de cooperação para políticas ambientais internacionais.
O objetivo é proporcionar a países em desenvolvimento os benefícios do uso de dados de satélites, que servem para melhor monitorar o meio ambiente, avaliar desmatamentos, áreas agrícolas e desenvolvimento urbano, entre outras aplicações.
O Inpe iniciou em junho de 2004 a distribuição gratuita pela internet de dados de satélite para usuários brasileiros. Com o apoio do parceiro chinês, os dados passaram a ser oferecidos da mesma forma também a países da América Latina e, mais tarde, ao continente africano. A atual política de dados permitirá que as informações dos próximos satélites do Programa possam ser livremente distribuídas a outros países.
Todas as imagens geradas pelo satélite podem ser acessadas sem custo pela internet: http://www.dgi.inpe.br/CDSR.