Redação do Site Inovação Tecnológica - 25/04/2003
O governo brasileiro recebeu um comunicado do governo da Itália, informando sobre a reentrada na atmosfera terrestre do satélite italiano BeppoSAX, que, após sua desativação em 30 de abril de 2002, encontra-se em condição de "detrito inerte" sujeito à dinâmica de decaimento orbital.
Lançado em 1996, para fins científicos, o satélite BeppoSAX funcionou como um observatório para o estudo da radiação de raios-X de origem cósmica, pesa 1.400 kg e possui as seguintes dimensões: 2,4m x 3,6 x 18m (painéis solares). Sua denominação deriva de "Satellite scientifico per astronomia a raggi X" e de uma homenagem ao cientista italiano Giuseppe "Beppo" Occhialini. O BeppoSAX foi utilizado para a coleta de dados de fontes galácticas e extragalácticas na faixa de 0,1 a 200 Kev. Com 1.400 kg e situado em uma órbita equatorial a 600 km de altitude, o satélite foi crucial para a solução de um dos grandes enigmas da astrofísica contemporânea: a origem dos flashes de raios gama.
De acordo com estudos realizados pela Agência Espacial Italiana - ASI, com a assessoria de consultorias internacionais, parte do BeppoSAX deverá desintegrar-se durante a reentrada na atmosfera, - o restante podendo dividir-se em até 42 fragmentos que atingiriam a superfície da Terra.
O último relatório divulgado pela Agência Espacial Italiana, elaborado em 22 de abril de 2003, apresentou as seguintes informações:
Embora sejam pequenas as possibilidades de queda do satélite em território brasileiro, a Agência Espacial Brasileira buscou reunir a documentação técnica disponível junto ao governo italiano e constituiu um Grupo de Trabalho Interdisciplinar com a participação de especialistas da área espacial e de representantes do Ministério das Relações Exteriores, da Defesa Civil e dos Comandos da Marinha e da Aeronáutica para a avaliação dos documentos técnicos e o acompanhamento da matéria;
Após a análise do assunto, o Grupo de Trabalho Interdisciplinar enumerou algumas sugestões de ações relevantes a serem adotadas, de forma explícita, nas áreas de competência das instituições envolvidas diretamente - Relações Exteriores, Defesa Civil, Marinha e Aeronáutica -, bem como de outras instituições, a partir da evolução das informações dos boletins da Agência Espacial Italiana, especialmente, no que tange aos locais de impacto e dimensões dos eventuais detritos.
A Agência Espacial Brasileira informou, através de Ofício, aos Governadores dos Estados do Amazonas, Pará, Maranhão, Roraima, Amapá, Ceará e Piauí sobre a queda do satélite italiano BeppoSAX e a possibilidade de que fragmentos do mesmo caiam em território nacional, especificamente naqueles Estados, conforme dados fornecidos pelo governo italiano.
A AEB, por intermédio do Grupo de Trabalho Interdisciplinar, está monitorando permanentemente a situação e manterá a sociedade brasileira a par da evolução dos acontecimentos para as providências que se fizerem necessárias pelos órgãos competentes.