Redação do Site Inovação Tecnológica - 14/08/2003
A primeira sonda européia a explorar a Lua, chamada SMART-1 ("Small Mission for Advanced Research in Technology": pequena missão para pesquisa avançada de tecnologias), está pronta para começar sua jornada, que a colocará em órbita de nosso satélite utilizando unicamente um motor iônico. É a primeira vez que a Agência Espacial Européia (ESA) utiliza esse tipo de motor como meio principal de propulsão de uma nave.
A SMART-1, que será lançada a bordo de um foguete Ariane 5, foi enviada para a base de lançamento de Kouru, na Guiana Francesa, no último dia 15 de Julho, para receber os preparativos finais. Com base nesses preparativos, a ESA agendou o lançamento para o dia 28 de Agosto.
A nave de 367 Kg irá dividir o foguete com dois satélites comerciais: o Insat 3E da Organização de Pesquisas Espaciais da Índia e o e-Bird, da Eutelsat. Sendo a menor das três cargas, a SMART-1 será a última a ser lançada. O foguete irá colocar os três equipamentos em uma órbita geoestacionária padrão, de onde cada um partirá para seu destino final. A SMART-1 possui um volume de apenas um metro cúbico, mas seus painéis solares chegam a 14 metros, gerando cerca de 1,9 kW de energia, cerca de 75% da qual será utilizada para abastecer seu sistema de propulsão solar-elétrico.
A SMART-1, empurrada pelo seu motor iônico, deverá atingir seu destino final em 16 meses, após seguir uma trajetória em espiral. O motor iônico será utilizado para acelerar a sonda até que esta atinja as proximidades da Lua, entre 350.000 e 400.000 quilômetros da Terra. A atração gravitacional da Lua atuará sobre a nave em Setembro, Outubro e Novembro de 2.004, à medida em que a órbita do nosso satélite cruzar perpendicularmente seu caminho. Finalmente a SMART-1 será capturada pela gravidade da Lua, em Dezembro de 2.004. A partir daí a posição da nave será invertida e o motor iônico passará a funcionar como um freio, reduzindo sua velocidade até que ela atinja a órbita lunar.
A SMART-1 não é uma sonda espacial padrão. Como primeira experiência da ESA no envio de naves à Lua (veja aqui a nave européia que está a caminho de Marte), seu principal objetivo é a demonstração de tecnologias inovadoras e chave para futuras missões espaciais científicas. Ainda assim, quando chegar ao seu destino, ela irá executar um estudo científico da Lua sem precedentes.
Em seu papel como demonstradora de tecnologias inovadoras, o principal objetivo da SMART-1 é o teste de seu sistema solar-elétrico de propulsão, chamado de motor iônico. Trata-se de uma forma de motor de funcionamento contínuo, com baixo empuxo, que utiliza eletricidade gerada por painéis solares para produzir um feixe de partículas carregadas que empurram a nave para a frente. Os engenheiros consideram este um tipo de motor crucial para as missões espaciais de longa duração. A SMART-1 também irá testar equipamentos e instrumentos espaciais miniaturizados, um sistema de navegação que, no futuro, permitirá espaçonaves a navegar autonomamente através do sistema solar, além de um novo sistema de comunicação de ondas-curtas, uma técnica de comunicação por meio da qual a sonda irá tentar estabelecer um link de comunicação com a Terra por meio de um feixe de raios laser.
Quando ela entrar em órbita polar ao redor da Lua, em Janeiro de 2.005, a SMART-1 também se tornará uma plataforma científica para observação lunar. Ela irá procurar sinais de gelo nas crateras próximas aos pólos lunares, capturar dados para esclarecer as ainda incertas origens de nosso satélite e reconstruir sua evolução por meio do mapeamento de sua topografia e da distribuição superficial de minerais e elementos químicos importantes.