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Lua não está tão geologicamente morta como cientistas pensavam

Redação do Site Inovação Tecnológica - 30/01/2025

Lua não está tão geologicamente morta como cientistas pensavam
(A) Distribuição das cristas do lado distante (polilinhas amarelas) em relação aos mares lunares (polígonos vermelhos) e sobrepostas em um mosaico global centralizado em um meridiano de 180°. (B) Imagem em pequena escala mostrando segmentos de crista individuais (setas brancas). (C) Médias direcionais do aglomerado de cristas do lado distante (linhas laranja) sobrepostas nas orientações de características previstas que resultariam da combinação de contração global, recessão orbital e marés de corpo sólido.
[Imagem: C. A. Nypaver et al. - 10.3847/PSJ/ad9eaa]

Os lados da Lua

A Lua vem sendo estudada em detalhes há décadas, graças a imagens de inúmeras sondas e, sobretudo, a amostras trazidas pelas missões Apolo. Mas só muito recentemente começamos a dispor de dados do lado oposto do nosso satélite - também chamado de "lado escuro da Lua" -, aquele que nunca vemos a partir da superfície da Terra.

E esses dados mostram que o que está abaixo da superfície lunar pode ser mais dinâmico do que se acreditava anteriormente.

Primeiro "o que se acreditava" até agora: Dados dos mares lunares (ou marias lunares, áreas escuras e planas na lua cheias de lava solidificada) indicam que a Lua passou por uma compressão significativa em seu passado distante. Acredita-se que grandes cristas arqueadas no lado de cá da Lua foram formadas por contrações que ocorreram bilhões de anos atrás - daí, a conclusão é que os mares da Lua permaneceram dormentes desde então.

Mas um trio de pesquisadores do Instituto Smithsoniano e da Universidade de Maryland, nos EUA, concluiu agora que pequenas cristas localizadas no lado distante da Lua são notavelmente mais jovens do que as cristas estudadas anteriormente no lado próximo.

"Muitos cientistas acreditam que a maioria dos movimentos geológicos da Lua aconteceu há dois e meio, talvez três bilhões de anos," explicou Jaclyn Clark, membro da equipe. "Mas estamos vendo que essas formas de relevo tectônicas têm estado ativas recentemente nos últimos bilhões de anos, e podem ainda estar ativas hoje. Essas pequenas cristas de mar parecem ter-se formado nos últimos 200 milhões de anos ou mais, o que é relativamente recente considerando a escala de tempo da Lua."

Lua não está tão
As primeiras imagens locais do lado distante da Lua foram coletadas pela sonda chinesa Chang'e-4.
[Imagem: EPA/CNSA]

Geologia lunar

Usando técnicas avançadas de mapeamento e modelagem, a equipe encontrou 266 pequenas cristas até então não mapeadas no lado distante da lua. As cristas normalmente aparecem em grupos de 10 a 40 em regiões vulcânicas com idades estimadas de 3,2 a 3,6 bilhões de anos, em áreas estreitas onde pode haver fraquezas subjacentes na superfície.

Para estimar a idade dessas pequenas cristas, os pesquisadores usaram uma técnica chamada contagem de crateras, que mostrou que as cristas são notavelmente mais jovens do que outras características em seus arredores.

"Essencialmente, quanto mais crateras uma superfície tem, mais velha ela é; a superfície tem mais tempo para acumular mais crateras," explicou Clark. "Após contar as crateras ao redor dessas pequenas cristas e ver que algumas delas cortam crateras de impacto existentes, acreditamos que essas formas de relevo foram tectonicamente ativas nos últimos 160 milhões de anos."

Curiosamente, as cristas do lado distante são semelhantes em estrutura às encontradas no lado próximo da Lua, o que sugere que todas foram criadas pelas mesmas forças, provavelmente uma combinação do encolhimento gradual da Lua e mudanças na órbita lunar. As missões Apolo detectaram terremotos lunares superficiais décadas atrás, e estas novas descobertas sugerem que essas pequenas cristas podem estar relacionadas a atividades sísmicas semelhantes.

Aprender mais sobre a evolução da superfície lunar pode ter implicações importantes para a logística de futuras missões lunares - onde é mais seguro pousar - e ajudar a projetar estudos científicos futuros. "Esperamos que futuras missões à Lua incluam ferramentas como radar de penetração no solo, para que os pesquisadores possam entender melhor as estruturas abaixo da superfície lunar," disse Clark.

Bibliografia:

Artigo: Recent Tectonic Deformation of the Lunar Farside Mare and South Pole-Aitken Basin
Autores: C. A. Nypaver, T. R. Watters, J. D. Clark
Revista: The Planetary Science Journal
Vol.: 6, Number 1
DOI: 10.3847/PSJ/ad9eaa
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