Redação do Site Inovação Tecnológica - 12/03/2025
SPHEREx
Com seu curioso formato de cone, que tem sua razão de ser, o telescópio espacial SPHEREx foi lançado nesta madrugada com a missão de mapear todo o céu no comprimento de onda da luz infravermelha, com a intenção de ajudar a responder grandes questões sobre o Universo.
O nome SPHEREx é uma abreviatura da expressão em inglês para "Espectrofotômetro para a História do Universo, Época da Reionização e Explorador de Gelo".
O observatório fornecerá uma visão geral do cosmos como nenhuma outra antes, mapeando todo o céu em 102 cores infravermelhas, captando informações sobre as origens do Universo, as galáxias dentro dele e os principais ingredientes da vida em nossa própria galáxia.
Veja os principais destaques da missão do novo telescópio espacial.
Fenômeno cósmico da inflação
O SPHEREx deverá lançar algumas luzes sobre um fenômeno cósmico chamado inflação.
No primeiro bilionésimo de um trilionésimo de um trilionésimo de segundo após o Big Bang, o Universo aumentou de tamanho em um trilhão de trilhões de vezes. Chamado de inflação, esse evento quase instantâneo ocorreu há cerca de 14 bilhões de anos, e seus efeitos podem ser encontrados hoje na distribuição em larga escala da matéria no Universo.
Ao mapear a distribuição de mais de 450 milhões de galáxias, o SPHEREx ajudará a melhorar nossa compreensão da física por trás desse evento cósmico extremo observando como a matéria se distribui atualmente, de onde se poderá deduzir informações sobre a própria inflação.
Brilho das galáxias
O observatório medirá o brilho coletivo de galáxias próximas e distantes.
Os cientistas têm tentado estimar a emissão total de luz de todas as galáxias ao longo da história cósmica observando galáxias individuais e extrapolando os dados para os trilhões de galáxias do Universo.
O telescópio espacial SPHEREx adotará uma abordagem diferente e medirá o brilho total de todas as galáxias, incluindo galáxias muito pequenas, muito difusas ou muito distantes para outros telescópios detectarem facilmente. Combinar a medição desse brilho geral com estudos de galáxias individuais de outros telescópios dará uma imagem mais completa de todas as principais fontes de luz no Universo.
Origem da vida
A missão pesquisará na Via Láctea os sinais característicos de moléculas consideradas como blocos de construção essenciais da vida.
A vida como a conhecemos não existiria sem ingredientes básicos, como água e dióxido de carbono. O SPHEREx foi projetado para encontrar essas moléculas congeladas em nuvens interestelares de gás e poeira, onde estrelas e planetas se formam. A missão identificará a localização e a abundância desses compostos gelados em nossa galáxia, dando uma noção melhor de sua disponibilidade nas matérias-primas das quais se formam os planetas.
Visão geral
O novo telescópio adiciona pontos fortes exclusivos à frota de telescópios espaciais já em operação.
Telescópios espaciais como o Hubble e o Webb ampliaram muitos cantos do Universo para nos mostrar planetas, estrelas e galáxias em alta resolução.
Mas algumas perguntas podem ser respondidas apenas olhando para o quadro geral. Para isso, o SPHEREx fornecerá mapas que abrangem todo o céu. Objetos de interesse científico identificados pelo telescópio poderão então ser estudados em mais detalhes por telescópios mais direcionados, como o Hubble e o Webb.
Imagem mais colorida do céu
O observatório SPHEREx fará o mapa de todo o céu mais colorido de todos os tempos, graças à sua capacidade de enxergar nada menos do que 102 cores dentro do espectro infravermelho.
Ele "vê" luz infravermelha. Indetectável ao olho humano, essa faixa de comprimentos de onda é ideal para estudar estrelas e galáxias.
Usando uma técnica chamada espectroscopia, o telescópio pode dividir a luz em suas cores componentes (comprimentos de onda individuais), como um prisma cria um arco-íris a partir da luz solar, para medir a distância até objetos cósmicos e aprender sobre sua composição.
Com o mapa espectroscópico do SPHEREx em mãos, os cientistas poderão detectar evidências de compostos químicos em nossa galáxia.
Telescópio em forma de cone
O projeto em forma de cone do telescópio tem uma razão de ser: Manter os sensores frios para que eles consigam detectar a luz muito fraca de objetos de brilho tênue.
O telescópio infravermelho e seus detectores precisam operar em torno de -210 ºC para evitar que eles gerem seu próprio brilho infravermelho (calor), o que pode sobrepujar a luz fraca de fontes cósmicas muito distantes.
Para manter as coisas frias e, ao mesmo tempo, simplificar o projeto e as necessidades operacionais da espaçonave, o SPHEREx depende de um sistema de resfriamento totalmente passivo - nenhuma eletricidade ou refrigerantes são usados durante as operações normais.
A chave para tornar esse feito possível são três escudos de fótons em forma de cone que protegem o telescópio do calor da Terra e do Sol, bem como uma estrutura espelhada abaixo dos escudos para direcionar o calor do instrumento para o espaço. Esses escudos de fótons dão à espaçonave seu contorno distinto.
A análise científica dos dados do SPHEREx será conduzida por uma equipe de 10 instituições nos EUA, duas na Coreia do Sul e uma em Taiwan.
![]() |
![]() |
![]() |
![]() |