Redação do Site Inovação Tecnológica - 24/04/2025
Cimento que gera e armazena energia
Um cimento termoelétrico bioinspirado pode transformar todas as estruturas da construção civil, de casas e prédios a pontes e até estradas, em uma nova fonte de energia ambientalmente amigável e virtualmente inesgotável.
Yulin Wang e colegas da Universidade do Sudeste, na China, sintetizaram o novo cimento inserindo em sua matriz um material termoelétrico com um coeficiente de Seebeck extraordinariamente elevado - quanto maior o coeficiente de Seebeck, mais energia elétrica pode ser extraída de um diferencial de temperatura.
Trata-se de um compósito de cimento-hidrogel com uma estrutura multicamadas inspirada nos caules das plantas.
Por meio do emprego de uma técnica que a equipe chama de "imobilização seletiva interfacial", responsável por segurar as partículas termoelétricas na matriz, o compósito atinge um coeficiente de Seebeck que supera os 40 mV/K e uma figura de mérito (ZT) de 6,6 x 10-2 - isso supera os materiais termoelétricos cimentícios relatados anteriormente em 10 e 6 vezes, respectivamente.
Resistência e usos
As camadas de hidrogel funcionam como vias para a difusão iônica dos íons OH-, enquanto as interfaces de cimento-hidrogel estabelecem fortes ligações de coordenação com íons Ca2+ e interações mais fracas com íons OH-, permitindo uma imobilização seletiva, o que amplifica a disparidade da taxa de difusão entre os dois íons.
E, devido a essa estrutura multicamadas, o compósito também apresentou uma resistência mecânica superior e um potencial intrínseco de armazenamento de energia.
Essa integração da coleta e do armazenamento de energia significa que o novo material poderá permitir o fornecimento contínuo de energia para dispositivos eletrônicos, como sensores para o monitoramento da própria estrutura construída com o cimento e dispositivos de comunicação sem fio, incorporados em edifícios inteligentes, apenas para citar alguns exemplos.
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