Redação do Site Inovação Tecnológica - 05/12/2017
Motor travado
Se você já tentou ligar um carro que ficou anos parado na garagem, sabe muito bem que ele dificilmente irá ligar de primeira - mesmo se você trocar a bateria, o motor pode estar travado.
Mas um conjunto de propulsores da sonda espacial Voyager 1, que está no espaço há mais de 40 anos, disparou assim que a chave foi virada - 37 anos depois que eles foram ligados pela última vez.
A Voyager 1, a nave espacial mais distante e o único objeto humano no espaço interestelar, usa pequenos propulsores para ajustar sua posição e se comunicar com a Terra. Esses motores, chamados de "propulsores de controle de atitude" - é atitude mesmo, não é altitude -, disparam em pulsos, ou "sopros", com duração de milissegundos, para girar sutilmente a espaçonave de modo que sua antena aponte para o nosso planeta.
Desde 2014, porém, os engenheiros notaram que os propulsores da Voyager 1 vêm-se degradando, exigindo mais sopros para liberar a mesma quantidade de energia.
Propulsores sem uso
A equipe então se voltou para outros motores, chamados "propulsores de correção de trajetória", que foram usados quando a sonda espacial passou por Júpiter, Saturno e suas luas. Como o último encontro planetário da Voyager 1 foi com Saturno, a equipe não precisava usar esses propulsores de manobra desde 8 de novembro de 1980.
Naquela época, esses propulsores eram usados em um modo de disparo mais contínuo - eles nunca foram usados nas breves explosões necessárias para orientar a sonda.
E havia outros desafios.
"A equipe de voo da Voyager teve que vasculhar dados de décadas atrás e examinar o software codificado em uma linguagem assembler obsoleta, para garantir que poderíamos testar os propulsores com segurança," contou Chris Jones, que se encarregou da tarefa juntamente com seus coletas Robert Shotwell, Carl Guernsey e Todd Barber.
Pegou
O teste foi realizado na terça-feira passada, dia 28 de novembro. Os quatro propulsores de manobra foram acionados pela primeira vez em 37 anos para testar sua capacidade de orientar a Voyager usando pulsos de 10 milésimos de segundo de duração. A equipe esperou ansiosamente enquanto os resultados do teste percorriam o espaço, levando 19 horas e 35 minutos para chegar a uma antena na Califórnia.
Tudo funcionou muito bem, o que deverá dar à Voyager de três e quatro anos de vida útil adicionais.
Isto porque a Voyager precisa ligar um aquecedor por propulsor, o que requer energia - um recurso limitado para uma missão tão antiga. Quando já não houver energia suficiente para operar os aquecedores, a equipe retornará aos propulsores de controle de atitude, que ainda têm algum gás.
A equipe agora planeja fazer o mesmo teste nos propulsores de manobra da Voyager 2, a nave espacial gêmea da Voyager 1, ainda que os propulsores de controle de atitude da Voyager 2 ainda não estejam tão degradados quanto os da Voyager 1.