Com informações da ESA - 29/09/2016
Final merecido
A sonda espacial Rosetta finalizará sua missão de mais de dois anos no cometa 67P de uma forma épica: pousando no próprio cometa, passando a viajar com ele pelo Sistema Solar.
A sonda tem como alvo de pouso a região conhecida como Ma'at, no menor dos dois lobos do cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko. Devido às imprecisões da manobra, o alvo é uma elipse com cerca de 700 x 500 m.
Desde 9 de Agosto a Rosetta tem voado em órbitas elípticas que progressivamente a aproximam do cometa.
"Já estamos sentindo a diferença da força gravitacional do cometa à medida que vamos voando cada vez mais perto: isto está aumentando o período orbital da sonda, que tem de ser corrigido por pequenas manobras. Mas é por isso que temos esses sobrevoos, descendo em pequenos incrementos, de modo a serem robustos contra esses problemas quando fizermos a aproximação final," disse Sylvain Lodiot, diretor de operações aeroespaciais da ESA.
Pouso no cometa
A manobra de descida final ocorrerá nesta noite (29 de Setembro), iniciando a descida a uma altitude de cerca de 20 km. A Rosetta irá descer essencialmente em queda livre, mas lenta, a cerca de 1 metro por segundo, a fim de maximizar o número de medições científicas que poderão ser recolhidas e transmitidas à Terra antes do impacto.
Uma série de instrumentos científicos da Rosetta vão recolher dados durante a descida, proporcionando imagens únicas e outros dados sobre o gás, poeira e plasma muito perto do cometa.
O impacto está previsto para ocorrer nesta sexta-feira, dia 30, por volta das 08:40 da manhã +/- 20 minutos - a incerteza deve-se à trajetória exata da Rosetta no dia e à influência da gravidade perto do cometa.
Levando em conta o tempo de viagem do sinal, de 40 minutos, entre a Rosetta e a Terra, isto significa que se espera a confirmação do impacto na sala de controle da missão da ESA em Darmstadt, na Alemanha, por volta das 09:20 +/-20 minutos.
Ao contrário do que aconteceu quando a Rosetta acordou da hibernação no espaço profundo, em janeiro de 2014, em vez de um pico ascendente na frequência, confirmando que a nave estava viva e transmitindo seu sinal, os controladores da missão observarão esse pico desaparecer assim que se dê o impacto.
Não será possível recuperar dados da sonda depois deste evento, encerrando de vez a missão de 12,5 anos - a Rosetta foi lançada em janeiro de 2004.
Geologia do cometa
Se tudo correr como planejado, a sonda deverá coletar informações inéditas, incluindo imagens a apenas 15 metros do cometa, o que pode significar uma resolução de milímetros por píxel.
A região da descida também é repleta de depressões ativas - onde jatos de poeira do cometa têm origem - de mais de 100 m de diâmetro e com 50 a 60 m de profundidade.
As paredes dessas depressões apresentam estruturas irregulares intrigantes de até um metro, denominadas "arrepios", que os cientistas acreditam ser resquícios de "pedaços soltos" que se juntaram para criar o cometa nas fases iniciais da formação do Sistema Solar.
Dados dessas depressões poderão confirmar ou refutar essas hipóteses, dando novas pistas sobre a história geológica do cometa.