Com informações da New Scientist - 07/06/2012
Pilotos de robôs
Com missões espaciais tripuladas fora do horizonte, a exploração além da órbita baixa da Terra, onde está a Estação Espacial Internacional, tem-se limitado a robôs semi-autônomos.
Agora a NASA está estudando uma terceira via: enviar astronautas a outros mundos, sejam planetas ou asteroides, mas deixá-los em órbita, controlando via rádio robôs que desçam à superfície.
A tele-robótica pode ser várias ordens de magnitude mais produtiva para a exploração espacial do que robôs semi-autônomos como o Spirit e o Opportunity, afirma George Schmidt, do Centros Goddard de Voos Espaciais.
Robôs controlados à distância estão sendo usados com grande sucesso para explorar o fundo do mar ou para fazer cirurgias. Segundo Schmidt, no espaço os ganhos poderão ser ainda maiores.
Latência
Mas então, por que enviar astronautas para controlar os robôs, e não fazê-lo diretamente a partir da Terra?
A resposta chama-se latência, o tempo decorrido entre o disparo do comando e sua recepção pelo robô.
Testes mostraram que os cirurgiões conseguem fazer cirurgias delicadas usando robôs cirurgiões controlados à distância desde que o robô responda no máximo em meio segundo. Latências maiores do que isso causam problemas.
A latência na Terra não passa dos milissegundos, mas fica ao redor de 3 segundos entre a Terra e a Lua.
"Você pode usar a telepresença para amarrar um nó em 30 segundos na Terra, mas vai levar 10 minutos para amarrá-lo com uma latência de 3 segundos," exemplifica Daniel Lester, da Universidade do Texas, que, junto com Schmidt, organizou um simpósio para discutir a telerrobótica espacial.
O problema fica maior conforme a distância aumenta: dependendo da posição do planeta, a latência fica entre 8 e 40 minutos entre a Terra e Marte.
Exploração de Vênus
Desta forma, a opção mais plausível seria ter uma estação com astronautas nas proximidades da área a ser explorada com a telerrobótica.
Isto poderia ser uma nave em órbita de Marte, ou uma estação espacial no ponto lagrangiano L2, uma área gravitacionalmente neutra entre a Terra e a Lua, a cerca de 60.000 quilômetros de distância - nos pontos de Lagrange, o puxão gravitacional de dois corpos celestes se anulam.
Nesse cenário, defendem os dois especialistas, a exploração de Vênus seria mais prática a médio prazo, já que o planeta está mais próximo do que Marte.
O desafio é adaptar os robôs para que eles consigam sobreviver à atmosfera quente e corrosiva de Vênus.
"Uma vez que você tenha ido a Vênus, você poderá ir a um monte de lugares, por exemplo, mergulhar nos lagos de metano de Titã," prevê Lester.