Redação do Site Inovação Tecnológica - 05/09/2017
Astronautas e robôs trabalhando juntos
A telerrobótica mostrou ser uma terceira via viável para a exploração espacial.
Em lugar de mandar robôs espaciais que precisam esperar comandos a cada movimento, e evitando os custos e riscos do pouso de astronautas, o caminho pode ser enviar ao espaço robôs comandados em tempo real a partir de laboratórios virtuais que reproduzem o ambiente que o robô está explorando na Lua, em Marte ou em algum asteroide.
Foi o que demonstrou o primeiro teste para valer do controle de um robô na Terra por um astronauta a bordo da Estação Espacial Internacional.
O astronauta foi o italiano Paolo Nespoli, da ESA, que está a bordo da ISS. De lá, ele controlou Justin, um robô que vem sendo aprimorado há vários anos pela agência espacial alemã (DLR) - há uma outra versão dele, chamada Toro.
O objetivo foi simular uma missão na qual astronautas podem ficar em órbita de um corpo celeste e comandar os robôs que descem à superfície para fazer a exploração e coletar amostras.
Colega de trabalho robótico
Durante o experimento, Nespoli usou um tablet para enviar instruções para o robô, comandando as suas ações do espaço.
Mas Justin não é totalmente burro: uma vez recebida uma instrução para, por exemplo, consertar um painel solar, ele executava a tarefa por seus próprios meios, usando programas de inteligência artificial para decidir quais tarefas precisavam ser completadas, e em que sequência, para obedecer à instrução recebida. O astronauta enviou o comando e brincou: "É com você, Justin."
"No experimento com o Justin, estamos lançando as bases para a cooperação entre astronautas e robôs inteligentes e humanoides na colonização de planetas e luas distantes," disse Alin Albu-Schaffer, diretor do Instituto de Robótica e Mecatrônica da DLR. "Os robôs estão equipados com inteligência local de alto desempenho, então o astronauta só precisa de um tablet para instruir o robô na execução de atividades complexas."
Consertando usina solar
No primeiro experimento nessa rodada inicial de testes, Nespoli pediu que o robô consertasse uma fazenda solar no laboratório em terra, verificando a condição de vários painéis solares e reparando quaisquer falhas - uma tarefa que quase certamente terá que ser feita em condições reais de exploração e colonização espacial no futuro.
A equipe agora vai analisar os resultados para planejar a próxima rodada de testes, de forma a incorporar na tecnologia as dificuldades oriundas da movimentação da nave espacial em órbita, o que causa retardos e perdas eventuais de comunicação. Os novos testes não deverão demorar, para aproveitar o treinamento que Nespoli fez com a equipe do Justin em terra antes de subir ao espaço.
"Pretendemos usar este projeto para atravessar novas fronteiras e transformar os robôs em verdadeiros colegas de trabalho para uma variedade de tarefas no setor aeroespacial. No longo prazo, isso deverá aliviar a pressão sobre os astronautas na área de exploração planetária," disse Neal Lii, coordenador do projeto.