Redação do Site Inovação Tecnológica - 11/04/2020
Assistência gravitacional
A sonda espacial BepiColombo, lançada em 2018 aqui mesmo da Terra para explorar Mercúrio, passou raspando pelo nosso planeta, a míseros 12.700 km da superfície da Terra.
Não, ela não está perdida.
Trata-se uma técnica muito comum em navegação espacial, conhecida como "assistência gravitacional", em que uma nave mergulha em direção a um corpo celeste para ganhar aceleração devido à atração gravitacional que sofre nessa aproximação. Com um cálculo bem feito, ela ganha velocidade sem gastar combustível.
A operação foi bem calculada e é o primeiro dos nove sobrevoos que, juntamente com o sistema de propulsão solar a bordo, ajudarão a sonda a atingir a sua órbita em torno de Mercúrio. Os próximos dois sobrevoos serão realizados em Vênus e outros seis no próprio planeta Mercúrio, até o término da viagem de sete anos para o menor e mais interno planeta do nosso Sistema Solar.
Durante a passagem, a BepiColombo tirou várias fotos da Terra, o que serviu para ajustar seus instrumentos.
Embora a manobra tenha aproveitado a gravidade da Terra para ajustar o caminho da nave espacial e não exigisse nenhuma operação ativa - como o acionamento de propulsores - ela incluiu 34 minutos críticos logo após a abordagem mais próxima da BepiColombo ao nosso planeta, quando a sonda voou pela sombra da Terra.
"Esta fase do eclipse foi a parte mais delicada do sobrevoo, com a sonda passando pelas sombras do nosso planeta, ficando sem receber luz solar direta pela primeira vez após o lançamento," disse Elsa Montagnon, da ESA - a BepiColombo é uma missão conjunta das agências espaciais europeia (ESA) e japonesa (JAXA).
Formação de Vênus
Para se preparar para o eclipse programado, os operadores da missão carregaram totalmente as baterias da sonda espacial e aqueceram todos os instrumentos com antecedência.
Quando a BepiColombo passou pelo nosso planeta, a maioria dos instrumentos científicos da Sonda Planetária de Mercúrio da ESA - uma das duas naves espaciais que compõem a missão - foram ativados. Vários sensores também estavam ativos no segundo componente da missão, a Sonda Magnetosférica de Mercúrio da JAXA, também conhecida como Mio.
Os cientistas usarão os dados coletados durante o sobrevoo, que incluem imagens da Lua e medições do campo magnético da Terra enquanto a sonda passava, para calibrar os instrumentos que, a partir de 2026, investigarão Mercúrio para resolver o mistério de como o planeta se formou.