Redação do Site Inovação Tecnológica - 30/11/2022
Lanterna Lunar
Está tudo pronto para o lançamento do observatório "Lanterna Lunar" (Lunar Flashlight), cujo lançamento rumo à Lua deverá ser feito a partir desta quarta-feira.
Como seu nome indica, o satélite deverá iluminar o fundo das crateras do Polo Sul da Lua em busca de água.
O observatório usará um refletômetro equipado com quatro lasers que emitem luz infravermelha próxima em comprimentos de onda fortemente absorvidos pelo gelo de água.
Se os lasers atingirem uma rocha nua ou o regolito, o poeirento solo lunar, a luz será refletida de volta sem grandes alterações. Mas, se o alvo absorver a luz, isso indicará a presença de gelo de água - quanto maior for a absorção, mais gelo pode haver na cratera.
"Estamos literalmente enviando uma lanterna para a Lua - lasers brilhando nessas crateras escuras para procurar sinais definitivos de gelo de água cobrindo a camada superior do regolito lunar," disse Barbara Cohen, do Centro de Voos Espaciais Goddard, da NASA. "Estou entusiasmada para ver nossa missão contribuir para nossa compreensão científica de onde o gelo de água está na Lua e como ele chegou lá."
Ciclo da água lunar
Os cientistas acreditam que a água pode ter chegado à Lua a bordo de cometas e asteroides que impactam a superfície lunar, além de interações do vento solar com o regolito lunar.
Com o tempo, as moléculas podem ter-se acumulado como uma camada de gelo dentro de "armadilhas frias", com o fundo das crateras do Polo Sul sendo os locais mais prováveis para que esse fenômeno tenha ocorrido.
"Vamos fazer medições definitivas do gelo de superfície em regiões permanentemente sombreadas pela primeira vez," disse Cohen. "Seremos capazes de correlacionar as observações da Lunar Flashlight com outras missões lunares para entender a extensão dessa água e se ela pode ser usada como recurso por futuros exploradores."
Órbita halo
Satélites pequenos como a Lanterna Lunar, que tem mais ou menos o tamanho de uma mala de viagem, carregam uma quantidade limitada de propelente, o que impossibilita usar trajetos e órbitas mais diretas.
Em vez, disso, ele usará uma órbita de halo, quase retilínea, que requer muito menos combustível do que as órbitas tradicionais. A Lunar Flashlight será apenas a segunda missão da NASA a usar esse tipo de trajetória - a primeira foi a missão Capstone, que chegou à sua órbita no último dia 13 de novembro.
A pequena sonda ficará a 70.000 quilômetros da Lua no ponto mais distante de sua órbita. Em compensação, no ponto de maior proximidade, o satélite roçará a superfície da Lua, chegando a 15 quilômetros acima do Pólo Sul lunar, permitindo que a lanterna brilhe em intensidade máxima no fundo das crateras mais promissoras para se procurar por gelo de água.
Atualização 10/12/22 - A sonda Lunar Flashlight foi lançada com sucesso no dia 10/12 e comunicou-se com o centro de controle horas depois. Sua viagem até a Lua demorará quatro meses.
Atualização 12/05/23 - O sistema de propulsão da sonda espacial não funcionou como previsto, impedindo que ela atingisse sua órbita halo, o que fez com que a NASA desse a missão por encerrada.