Redação do Site Inovação Tecnológica - 30/11/2010
A ESA (Agência Espacial Europeia) decidiu prolongar a vida útil de onze das suas missões espaciais científicas.
Isto permitirá que missões importantes para a ciência em nível mundial continuem a enviar novos resultados, até, pelo menos, 2014.
Orçamento para ciência
O Comitê para o Programa Científico da ESA (SPC - Science Programme Committee) teve de tomar decisões importantes no encontro realizado na última semana, em Paris.
São 11 missões científicas, todas ainda operacionais, já além do seu período de vida estimado, mas que continuam a enviar dados científicos excepcionais.
O maior problema é que, junto com o tempo de vida útil, esvai-se também o orçamento previsto para as missões.
"A longevidade destas missões é uma prova do cuidado com que a indústria construiu estes satélites, do grande rigor das equipes que os operam e da capacidade dos cientistas continuarem a pensar em novos e valiosos problemas científicos que podem ser testados durante estas missões," diz Martin Kessler, responsável da ESA pelo Departamento de Operações Científicas.
Missões estendidas
Há dois anos foi introduzida uma nova abordagem no plano financeiro da ESA para as missões espaciais. Isto significa que, a cada dois anos, é feita uma avaliação de todas as missões que estão prestes a esgotar o orçamento, com a perspectiva de prolongamento das mesmas.
As missões que foram avaliadas neste último encontro foram Cluster, Integral, Planck, Mars Express, Venus Express e XMM-Newton - todas sob responsabilidade da ESA.
Também foram analisadas as contribuições da ESA em missões de colaboração internacional, como a Hinode (com o Japão), a Cassini-Huygens, o Telescópio Espacial Hubble e a Soho (todas com a NASA) e ainda as operações científicas da demonstração de tecnologia da ESA Proba-2.
O comitê aprovou as extensões previamente acordadas destas missões até 2012 e aprovou novos prolongamentos até 2014, sujeitos a confirmação no final de 2012, cumprindo o ciclo de avaliação a cada dois anos.
Observação do Sol
As extensões da SOHO, Hinode e Proba-2 permitem que o Sol seja examinado de perto durante o próximo pico de atividade magnética, esperado para 2013. Entretanto, os quatro satélites Cluster irão medir o efeito desta atividade mais perto de casa, no campo magnético terrestre.
No último ano, a ESA lançou o observatório Herschel, um supertelescópio que trabalha no infravermelho e nas bandas submilimétricas.
Agora foi prorrogada a operação dos observatórios de altas energias Integral e XMM-Newton, o que quer dizer que os astrônomos têm agora acesso a uma vasta gama de observações, o que fornecerá uma visão única do Universo "mais quente e violento".
Isto vai complementar os dados obtidos no ultravioleta, no visível e infravermelho próximo, que chegam do Telescópio Espacial Hubble.
Dentro do Sistema Solar, a Mars Express e a Venus Express estão investigando os planetas vizinhos da Terra, enquanto a Cassini-Huygens continua a seu estudo detalhado de Saturno e das suas luas.
O céu em micro-ondas
O telescópio Planck está mapeando a radiação cósmica de fundo, os resquícios do Big Bang.
A decisão de prolongar por um ano esta missão possibilita a utilização do sensor de baixa frequência de uma nova maneira, o que permitirá extrair o máximo de informação possível dos sinais que constituem a impressão digital do Big Bang.
"Não é uma época fácil para assumir este gênero de compromissos, mas não devemos duvidar da capacidade do SPC em obter ainda mais retorno dos grandes investimentos do passado," diz David Southwood, diretor da ESA da Exploração Científica e Robótica.
"A ciência de grande qualidade irá continuar a surgir a partir deste conjunto de naves. É um bom dia para a ciência espacial. A Europa irá continuar a desempenhar um papel importante na descoberta dos mistérios do Universo", comemorou ele.