Redação do Site Inovação Tecnológica - 21/02/2025
Maior estrutura do Universo
Uma equipe de astrônomos da África do Sul, Alemanha e Espanha encontrou a maior superestrutura já descrita de forma confiável no Universo.
Com um comprimento de cerca de 1,4 bilhão de anos-luz, a nova estrutura, que consiste principalmente de matéria escura, é a maior estrutura conhecida até o momento.
A descoberta foi feita durante o mapeamento do Universo próximo usando aglomerados de galáxias detectados pelo levantamento do céu pelo observatório de raios X ROSAT, um antigo telescópio espacial que já não está mais em operação - seu sucessor, o telescópio espacial eRosita, está mapeando o céu inteiro em raios X.
Quando se olha para as médias das massas em volumes muito grandes, o Universo parece quase homogêneo. Contudo, em escalas menores do que cerca de um bilhão de anos-luz, e em nossa vizinhança cósmica, ele parece diferente, caracterizado por condensações de matéria em superaglomerados, e por vazios. O conhecimento preciso dessas estruturas é muito importante para a pesquisa cosmológica e a principal motivação para mapear o Universo próximo.
Quipu
Os cientistas batizaram sua descoberta de "Quipu", um termo da língua dos Incas. Os Incas usavam feixes de cordas com nós para sua contabilidade e como letras. A superestrutura se assemelha a essa escrita antiga, aparecendo como uma longa fibra com fios laterais entrelaçados. Além disso, a maioria das medições de distância dos aglomerados de galáxias foi feita no Observatório Europeu do Sul, no Chile, e a maioria dos quipus está em exposição no Museu Arqueológico de Santiago.
Essa estrutura consiste em 68 aglomerados de galáxias e tem uma massa total estimada em 2,4 x 1017 massas solares, com um comprimento de cerca de 1,4 bilhão de anos-luz. Isso quebra o recorde de tamanho de todas as estruturas cósmicas medidas de forma confiável. A maior delas até agora, a Grande Muralha de Sloan, por exemplo, tem um comprimento de cerca de 1,1 bilhão de anos-luz e está localizada muito mais longe.
"Se você observar a distribuição dos aglomerados de galáxias no céu em uma concha esférica com uma distância de 416 a 826 milhões de anos-luz, você imediatamente notará uma estrutura enorme que se estende de altas latitudes ao norte até quase o extremo sul do céu," explicou Hans Bohringer, do Instituto Max Planck de Física Extraterrestre.
Crucial para conhecer a estrutura do Universo
Embora o telescópio que fez as observações tenha deixado de funcionar há mais de uma década, os astrônomos têm trabalhado nos dados desde então. Durante todo esse tempo, a maior parte do trabalho consistiu sobretudo em identificar os aglomerados de galáxias com mais precisão e determinar suas distâncias.
Isso resultou em uma imagem tridimensional de sua distribuição, na qual os aglomerados de galáxias traçam precisamente a estrutura da distribuição em larga escala da matéria no Universo, assim como faróis traçam um litoral. O catálogo cobre todo o volume cósmico até uma distância de um bilhão de anos-luz.
Nesta região, a nova estrutura parece muito maior do que todas as outras estruturas.
Esta descoberta é crucial para mapear o Universo, mas também para medições cosmológicas. Os pesquisadores demonstraram como a presença dessas estruturas afeta a medição da constante de Hubble ou da radiação de fundo de micro-ondas, também conhecida como "eco do Big Bang".
A radiação cósmica de fundo foi criada logo após o Big Bang e nos dá pistas importantes sobre a estrutura e a evolução do Universo. A constante de Hubble indica a taxa de expansão atual do Universo. "Mesmo que sejam apenas correções de alguns por cento, elas se tornam cada vez mais importantes à medida que a precisão das observações cosmológicas aumenta," disse Gayoung Chon, membro da equipe.
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