Redação do Site Inovação Tecnológica - 07/04/2005
Robôs metamórficos
Os robôs Spirit e Opportunity já são um dos maiores sucessos da NASA: planejados para uma missão de três meses, eles já estão escrutinando as rochas de Marte há 14 meses. E a agência espacial norte-americana acaba de ampliar sua expectativa de funcionamento dos bravos robôs gêmeos para outros 18 meses.
Apesar disso, robôs com rodas não são a melhor opção para a exploração de terrenos desconhecidos. Eles têm que ser constantemente monitorados, sendo sua operação autônoma extremamente limitada. É por isso que os engenheiros da NASA estão tentando criar novos tipos de robôs que possam simplesmente mudar de forma para ultrapassar barreiras que encontrarem pela frente.
Trabalhando no Centro Espacial Goddard, os engenheiros apresentaram o primeiro protótipo de seu robô piramidal, chamado TETwalker, que é capaz de mudar seu próprio formato. O nome vem de "TETrahedral walker", andarilho tetraédrico. O robô é parte do projeto ANTS - "Autonomous NanoTechnology Swarms", algo como Enxames Nanotecnológicos Autônomos.
Robôs nanotecnológicos
Como se pode ver na foto, o TETwalker nada tem de "nanotecnológico". Mas é muito mais fácil comprovar o funcionamento do projeto em macro-escala, e só depois miniaturizá-lo, do que tentar já construir a coisa em tamanho microscópico.
Na verdade, o projeto é bem mais audacioso do que a construção de robôs para carregarem equipamentos. A idéia é construir unidades básicas de robôs que possam se reunir autonomamente e se transformar em equipamentos maiores, seja uma antena de comunicação, uma vela solar ou um coletor de energia.
"Este protótipo é o primeiro passo rumo ao desenvolvimento de um tipo de espaçonave robotizada revolucionária, com incríveis vantagens sobre os designs atuais," afirmou o Dr. Steven Curtis, chefe do Projeto ANTS, em um comunicado da NASA.
Cada um dos vértices do corpo do TETwalker, chamados nós, contém motores elétricos. As barras que unem os nós são telescópicas, como as antenas de rádio, podendo aumentar ou diminuir de tamanho pela ação desses motores. Alternando esses movimentos entre os diversos nós, o TETwalker consegue se movimentar, já que a alteração do tamanho de um nó altera o centro de gravidade do robô, fazendo-o rolar.
Pernas telescópicas
Os primeiros testes já mostraram que o desenho pode ser aprimorado. Por exemplo, a colocação dos motores no centro das barras telescópicas deverá simplificar o projeto e dar maior durabilidade ao robô.
Segundo os pesquisadores, os TETwalkers poderão ser miniaturizados substituindo-se os motores elétricos por MEMS (sistemas microeletromecânicos) ou NEMS (sistemas nanoeletromecânicos), e as barras por fitas metálicas ou até mesmo por nanotubos de carbono. Como as fitas e os nanotubos possuem um efeito telescópico muito maior do que as barras hoje utilizadas, os robôs poderão se encolher até que seus nós se toquem. Isso permitirá o envio de milhares deles nas espaçonaves, ocupando pouquíssimo espaço.
Esses milhares de TETwalkers miniaturizados poderão então se reunir em verdadeiros enxames, operando cooperativamente. Quando a espaçonave estiver entrando na atmosfera, por exemplo, eles poderão formar um escudo aerodinâmico. Ao descer no planeta, eles poderão assumir a forma de uma cobra ou de uma sanguessuga e andar por qualquer tipo de terreno. Ao encontrarem algo interessante, poderão se transformar em uma antena e transmitir o achado para a base.