Redação do Site Inovação Tecnológica - 24/10/2022
Previsão de erupões vulcânicas
Apesar de praticamente todos os vulcões da Terra serem conhecidos há milhares de anos, e convivermos com eles todo esse tempo, a ciência ainda não consegue nos dizer quase nada quando o assunto é a previsão de uma nova erupção.
Em busca de uma nova abordagem que possa mudar essa situação, uma equipe da Itália e da Nova Zelândia decidiu modelar os vulcões usando as ondas sonoras emitidas pela atividade vulcânica.
Os novos modelos revelaram algo inusitado, que pode ajudar a entender o comportamento vulcânico e, em última instância, prever seu comportamento futuro.
"O movimento do magma em alguns vulcões produz som de forma semelhante aos instrumentos musicais," disse Leighton Watson, da Universidade de Canterbury, na Nova Zelândia. "Embora algumas das ondas sonoras possam ser ouvidas pelos humanos, a grande maioria da energia está abaixo da faixa de frequência mais baixa da audição humana. Ao implantar microfones especializados, podemos ouvir os vulcões, e usar seus sons para entender seu comportamento."
A maior surpresa veio quando a equipe observou esses sons antes e durante erupções de vulcões no Chile (Vilarrica), Equador (Cotopaxi) e Itália (Monte Etna).
"Explosões no topo da coluna de magma excitam ondas sonoras, que são refletidas no topo da cratera - assim como dentro de um trombone, mas em uma escala muito maior. Conforme o magma sobe na cratera, a distância entre o topo da coluna de magma e o topo da cratera diminui, o que faz com que o tom do som aumente - assim como quando um trombone é retraído," detalhou Watson.
Alerta de erupção
De posse dessas informações, a equipe acredita ser possível montar sistemas de monitoramento que possam emitir alertas de uma erupção iminente.
"Ouvindo a mudança de tom, podemos rastrear o movimento do magma dentro da cratera. Isso tem o potencial de fornecer várias horas de alerta antes de uma erupção, o que pode fazer uma diferença significativa para aqueles que vivem perto ou visitam vulcões ativos," disse o pesquisador.
A equipe agora pretende testar seus modelos em vulcões com geologia diferente daquela onde os dados foram coletados, como nos vulcões Ruapehu e Whakaari, na Nova Zelândia, que têm lagos de cratera contendo água entre os magma e o ar acima, para ver como isso influi nos sons emitidos durante a movimentação do magma.