Com informações da Agência Brasil - 28/10/2015
O investimento necessário para a transição para uma economia global de baixo carbono é de US$ 3 trilhões por ano, sendo US$ 1 trilhão apenas no setor de energia.
A estimativa foi feita por estudiosos do clima de todo o mundo e apresentada durante o seminário Rio Clima 2015, que teve nesta terceira edição o tema Transição para economias de baixo carbono.
O evento, cujos debates foram fechados ao público, é preparatório para a Conferência do Clima das Nações Unidas (COP 21), que ocorrerá de 30 de novembro a 11 de dezembro, em Paris. Participaram do encontro especialistas do Brasil, França e Estados Unidos.
Investimentos em energia limpa
O representante do Climate Reality Project, Ken Berlin, afirmou que, no ano passado, foram investidos US$ 270 bilhões em energias renováveis, o que não é suficiente para fazer a diferença necessária na geração de energia limpa. Para ele, trata-se de um número muito grande, mas que acrescentou apenas 6% na geração de energias renováveis.
"Isso não é suficiente. Os estudos recomendam o investimento de US$ 500 bilhões por ano até 2020 e US$ 1 trilhão até 2030. Estamos falando de um investimento muito grande para substituir de verdade os combustíveis fósseis por um sistema de energia com fontes renováveis", acrescentou.
O Climate Reality é uma organização do ex-vice-presidente dos Estados Unidos Al Gore, um dos principais ativistas da mitigação dos efeitos das mudanças climáticas no mundo.
Moeda do clima
Durante o seminário, a delegação francesa apresentou o mecanismo de precificação positiva do carbono, que reconhece o valor social e econômico proporcionado pela redução das emissões do gás (carbono) e visa canalizar recursos do sistema financeiro para projetos ambientais.
De acordo com o diretor-executivo do Centro Brasil no Clima, Alfredo Sirkis, a ideia é que as discussões sobre a criação da chamada "moeda do clima" comecem na COP 21. Ele explica que 40 países já têm alguma iniciativa nesse sentido: "É uma forma de você ajudar nessa transição para a economia de baixo carbono, porque você está assumindo aquilo que se chama de externalidade, ou seja, as consequências externas onerosas da poluição, que quase nunca são calculados".
Segundo Sirkis, não faz parte do preço do carvão, por exemplo, a análise das doenças respiratórias que ele provoca e a quantidade de internações hospitalares e o ônus que isso representa para o sistema de saúde pública. Ele ressalta ainda que "a partir do momento que você começa a taxar o carbono, você está levando em conta essas externalidades".
Segundo ele, as atuais discussões sobre os investimentos na transição para a economia de baixo carbono estão em torno de US$ 100 bilhões. "US$ 1 trilhão seria para energia e outros US$ 2 trilhões para o conjunto de infraestrutura, estamos falando do planeta como um todo, o conjunto de países. De qualquer maneira, isso é muito, muito, muito acima do que as cifras que são discutidas nas reuniões de convenções do clima. A grande discussão é como é que vai chegar a US$ 100 bilhões em 2020 lá no Fundo Verde do Clima. US$ 100 bilhões é quase nada perto do que realmente é necessário".