Redação do Site Inovação Tecnológica - 10/12/2024
Comércio como uma ferramenta para o bem comum
Com o objetivo de promover uma estrutura de comércio global mais justa e sustentável, pesquisadores estão apresentando um conceito que eles chamam de "Comércio e Economia Mundiais Éticos para o Bem Comum".
A principal questão da pesquisa é: Como o comércio global pode ser mais justo e sustentável? E a versão mais simples da resposta e: Alinhando as relações comerciais com os princípios sociais e ecológicos, criando assim uma economia global orientada para o bem comum.
O cerne desta proposta envolve a integração de padrões sociais e ecológicos nas regulamentações comerciais entre os países e blocos de países.
O conceito combina proteção climática, direitos humanos e empoderamento econômico local, visando inspirar formuladores de políticas, empresas e a próxima geração a trabalhar em direção a uma economia global justa e sustentável.
A equipe defende que, à luz de desafios globais como a crise climática, o aumento da desigualdade social, as guerras e a erosão da democracia, é indispensável uma mudança radical na ordem do comércio internacional.
Por que o livre comércio atingiu seus limites
Os pesquisadores criticam a Organização Mundial do Comércio (OMC) por tratar o comércio e o investimento como fins em si mesmos, negligenciando os aspectos sociais e ambientais. O conceito proposto exige um alinhamento claro das práticas comerciais com objetivos globais, como proteção climática, direitos humanos e distribuição justa.
O caminho que eles escolheram envolve promover uma mudança de paradigma que vá além do mero livre comércio, concentrando-se na justiça social, na sustentabilidade ecológica e na cooperação internacional.
A nova abordagem não é direcionada apenas aos formuladores de políticas, mas também às empresas e aos estudantes. Ela fornece às empresas orientação sobre como tornar seus modelos de negócios mais sustentáveis e oferece aos estudantes oportunidades de se envolverem profundamente com os desafios de uma economia global voltada para o futuro.
Os pesquisadores propõem integrar a ordem do comércio global ao sistema da ONU para melhor alinhar as regras comerciais com valores universais, como sustentabilidade e direitos humanos. Esse alinhamento deve ser mensurável e verificável por meio de um sistema de incentivos e sanções.
Zona de Comércio Ético
A visão se concentra na criação de uma "Zona de Comércio Ético das Nações Unidas" (UNETZ), apoiada por um sistema de tarifas éticas. Este sistema recompensaria os países que aderissem a acordos internacionais sobre direitos humanos, proteção climática e padrões trabalhistas, ao mesmo tempo em que penalizaria as violações.
Ao mesmo tempo, a soberania nacional seria preservada ao permitir que os países mais fracos tivessem estratégias de mercado flexíveis. Outro foco é promover ciclos econômicos locais e resilientes, para garantir a criação sustentável de valor e a resiliência à crise.
Os pesquisadores enfatizam que o conceito de "Comércio Mundial Ético e Economia para o Bem Comum" oferece uma oportunidade de fortalecer os valores essenciais - como direitos humanos, proteção ambiental e diversidade cultural - em escala global. Por exemplo, tal sistema poderia aumentar as tarifas de exportação de produtos insustentáveis, ao mesmo tempo em que forneceria incentivos para tecnologias de baixa emissão de poluentes e gases de efeito estufa.
Sinergias com estratégias existentes
Ao incorporar uma ordem comercial ética e baseada em regras no sistema da ONU, a abordagem cria sinergias com acordos internacionais, incluindo o Acordo Climático de Paris e as convenções da Organização Internacional do Trabalho (OIT), abrindo caminho para uma economia global sustentável e justa.
O documento está disponível para download gratuito (veja link na Bibliografia). O trabalho foi financiado pelo Gabinete Europeu do Ambiente, Aliança para a Economia do Bem-Estar e Organização Mundial do Comércio Justo.