Tecidos inteligentes? Basta que a costura seja esperta

Redação do Site Inovação Tecnológica - 22/07/2024

Fios eletricamente condutores sendo usados para fazer o arremate reforçado (overlock) das bordas das mangas de camisa usadas nos experimentos de demonstração.
[Imagem: Olivia Ruston et al. (2024)]

Tecidos eletrônicos

Fazer roupas inteligentes pode ser muito mais simples do que se esperava.

Enquanto a maioria das pesquisas na área se concentra na fabricação de tecidos eletrônicos, que precisam ter fibras especiais condutoras de eletricidade, ou mesmo componentes eletrônicos, embutidos na trama do próprio tecido, Olivia Ruston e colegas das universidades de Bristol e Bath, no Reino Unido, fizeram tudo mais simples.

Olivia conseguiu construir roupas responsivas usando tecido comum, concentrando as funcionalidades - o fator "inteligência" desses tecidos inteligentes - apenas nas costuras.

Os fios eletricamente condutores são usados apenas nas costuras das roupas, criando circuitos elétricos. A resistência elétrica desses fios muda com o movimento do corpo do usuário, devido à deformação natural do fio flexível. E tudo funciona apenas com tensões elétricas muito baixas, inofensivas à saúde humana e incapazes mesmo de gerar qualquer desconforto.

Isso cria novas possibilidades para fazer roupas digitais que detectem e capturem movimentos com muito mais precisão do que é possível com outras tecnologias, como os celulares e relógios inteligentes atuais.

Arquitetura do tecido e testes em laboratório.
[Imagem: Olivia Ruston et al. (2024)]

Dados de movimento

A nova tecnologia de costura dá aos projetistas de têxteis eletrônicos e fabricantes de roupas uma nova ferramenta para criar roupas com tecnologia embutida para inúmeras aplicações, por exemplo roupas esportivas, que possam auxiliar a execução de exercícios físicos, fisioterapia e reabilitação.

"Estamos entusiasmados com a oportunidade para os fabricantes de roupas implementarem nossos projetos em mangas e outras costuras de roupas," disse o professor Mike Fraser.

"Mostramos que costuras overlock comuns na fabricação de roupas padrão podem fazer um bom trabalho na detecção de movimento. O projeto evita a necessidade de uma fonte de energia separada, emparelhando a costura com uma bobina de carregamento, extraindo a energia sem fio de um telefone celular colocado no bolso," acrescentou o pesquisador.

A solução é interessante para a indústria porque permite que roupas com sensores de movimento, por exemplo, sejam produzidas sem alterar os processos de fabricação industriais existentes hoje.

"Também mostramos que aplicativos de celulares que usam técnicas avançadas de inteligência artificial podem usar esses dados de movimento para combinar o movimento corporal com posturas ou gestos específicos, como exercícios fisioterapêuticos," concluiu Fraser.

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