Redação do Site Inovação Tecnológica - 03/01/2023
Soldagem de plásticos com metais
Embora diminuam a vida útil dos veículos, as peças de plástico já se tornaram parte integrante dos carros, barateando seu custo e diminuindo seu consumo de combustível, ao torná-los mais leves.
Mas seria tudo muito mais fácil, barato, rápido e seguro se houvesse uma forma de soldar o plástico diretamente no corpo metálico do veículo, como hoje se soldam diferentes peças metálicas.
E esta possibilidade acabar de se tornar realidade, graças ao trabalho de uma equipe de engenheiros da Universidade de Michigan, nos EUA.
Eles criaram o primeiro método técnica e economicamente viável de soldar plástico e metal diretamente, um feito considerado impossível por décadas.
"Modelos de computador nos mostram que podemos tornar as estruturas de carros e pequenos caminhões até 40% mais leves, construindo-as com uma combinação de metais e plásticos. Um menor peso traz uma variedade de vantagens, principalmente melhor eficiência. Os veículos movidos a gasolina podem ter uma melhor economia de combustível, enquanto os veículos elétricos podem obter mais autonomia. Veículos com estruturas multimateriais também têm melhor dirigibilidade e maior segurança," disse o professor Pingsha Dong.
Soldagem de plástico sobre aço
A soldagem consiste em criar ligações entre dois materiais no nível molecular. A sabedoria convencional tem sido que plástico e metal são fundamentalmente incompatíveis, e que não haveria razão para tentar soldar um no outro.
"Nós descobrimos que a combinação certa de calor e pressão nas áreas certas pode fazer com que o carbono e o oxigênio do plástico se liguem ao metal," conta o professor Dong.
Para isso, a equipe criou uma máquina que parece uma furadeira de bancada, com uma cabeça cilíndrica giratória. O metal é colocado em cima do plástico e a cabeça é abaixada sobre os dois materiais, gerando calor e pressão, unindo os dois materiais em uma solda a ponto ou em uma solda linear.
Qualquer metal pode ser ligado diretamente com qualquer plástico que contenha uma quantidade adequada de compostos de oxigênio-carbono. A chave é calcular o ponto ideal de calor e pressão que irá soldar uma determinada combinação de materiais. Mas plásticos que não possuem compostos oxigênio-carbono suficientes, como o polipropileno, também podem ser soldados no metal, bastando para isso inserir um filme plástico comum entre os dois materiais para "semear" a ligação com oxigênio e carbono.
"Nós patenteamos o processo e já estamos trabalhando com fabricantes de equipamentos para desenvolver equipamentos comerciais que possam ser licenciados para montadoras e outros fabricantes. Eu diria que veremos essa tecnologia na indústria nos próximos dois anos," disse Dong.
União de aço com alumínio
A equipe também já está de olho em outro uso de sua técnica: A soldagem entre alumínio e aço. Tentativas anteriores de soldar os dois metais acabaram gerando compostos quebradiços na interface entre os dois metais, reduzindo a resistência da liga.
A máquina construída pela equipe, contudo, permite produzir uma combinação precisa de calor e pressão para evitar a formação desses compostos.
Segundo a equipe, com equipamentos adequados pode ser possível até mesmo criar peças de alumínio sobre aço usando impressão 3D. Eles estão trabalhando nisso agora.