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Mecânica

Inesperado: Metais também podem se curar sozinhos quando danificados

Redação do Site Inovação Tecnológica - 11/09/2024

Metais também podem se curar sozinhos quando danificados
Ilustração artística do fenômeno de autocura autônoma encontrado na prata em nanoescala ( esquerda) e imagens de microscopia mostrando a cura de fissuras e furos.
[Imagem: IOP]

Autocura em metais

Uma das tecnologias mais pesquisadas no âmbito do biomimetismo - a imitação de soluções da natureza para proveito tecnológico - é a chamada autocura, a tentativa de fazer com que materiais artificiais ou sintéticos imitem a capacidade inata dos organismos biológicos de curar a si mesmos quando se ferem.

A busca por materiais autorregenerativos tipicamente tem-se concentrado nos chamados materiais "macios", como polímeros e hidrogéis, deixando o conserto dos metais para técnicas mais drásticas, como a soldagem.

Embora alguns experimentos já tenham demonstrado o comportamento de autocura em metais, o fenômeno só havia sido visto em metais totalmente porosos ou dependendo da assistência de gatilhos externos, como aquecimento, estímulo mecânico ou irradiação de feixe de elétrons.

Agora, Jianlin Wang e colegas do Instituto de Física da Academia Chinesa de Ciências descobriram uma capacidade de "cicatrização de metais" autêntica: A autocura autônoma e intrínseca foi documentada em nanofios de prata, que se curam como se fossem uma pele ferida, com a vantagem de não deixarem nem sequer a mais leve cicatriz.

A capacidade da prata de autorreparar danos em nanoescala, que ocorreu tanto em temperatura ambiente quanto em temperaturas muito abaixo de zero, abre uma possibilidade promissora para o desenvolvimento de componentes e dispositivos tolerantes a danos na escala de comprimento submicrométrico, dos MEMS e NEMS aos micro e nano-robôs.

Em sentido mais amplo, dizem os pesquisadores, sua descoberta em um nível mecanicista pode fornecer uma estrutura de orientação para uma compreensão mais profunda dos fenômenos e conceitos de autorreparação nos sólidos metálicos em geral. Um primeiro uso dessa orientação será na busca do fenômeno em outros metais e em ligas metálicas.

Metais também podem se curar sozinhos quando danificados
Não é como uma solda: A recuperação é total, com precisão atômica.
[Imagem: Jianlin Wang et al. - 10.1016/j.matt.2024.07.009]

"Soldagem" com precisão atômica

Usando microscopia eletrônica de transmissão avançada e simulações de dinâmica molecular, a equipe descobriu que a prata (Ag) em nanoescala pode se reparar autonomamente de danos estruturais, como fissuras e poros, sem intervenção externa.

As regiões curadas restauraram perfeitamente a rede cristalina da prata, com ordenação atomicamente precisa, ou seja, sem qualquer perda de resistência. Com isto, e é algo que é ainda mais promissor do ponto de vista prático, a mesma área danificada pode passar por repetidos ciclos de autocura com o mesmo nível de eficiência.

Essa capacidade notável foi observada não apenas em temperatura ambiente, mas continuou ocorrendo mesmo em temperaturas frias, de até 173 K (-100 ºC).

Outro resultado interessante é que os dois tipos representativos de danos estruturais que os pesquisadores criaram nos nanofios, fissuras e poros, apresentaram autocura autônoma muito rápida, variando de alguns poucos minutos a cerca de meia hora.

Outros metais

A equipe quis ver se o fenômeno da autocura funciona para outros metais, mas o ouro (Au) não apresentou comportamento de autocura semelhante à prata à temperatura ambiente, apesar de os dois metais compartilharem muitas semelhanças em termos de propriedades físicas e químicas.

Usando simulações de dinâmica molecular, a equipe descobriu que o que diferencia a prata do ouro neste caso é a alta mobilidade de difusão superficial da prata, uma característica não comumente encontrada em outros metais sólidos.

Bibliografia:

Artigo: Direct observation of autonomous self-healing in silver
Autores: Jianlin Wang, Qiuhao Xu, Muhua Sun, Jiyu Xu, Pan Chen, Bohan Yu, Zhongqi Wu, Zitao Chen, Xudan Huang, Huacong Sun, Lei Liao, Chen Cai, Xiaomin Li, Lifen Wang, Xuezeng Tian, Zhi Xu, Sheng Meng
Revista: Matter
DOI: 10.1016/j.matt.2024.07.009
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