Redação do Site Inovação Tecnológica - 14/04/2015
Quasirridículo
A descoberta dos quasicristais certamente merecerá um capítulo especial quando historiadores do futuro estiverem narrando a ciência do nosso tempo.
Ao contrário dos cristais tradicionais, com suas redes atômicas bem ordenadas, e dos vidros, com sua desordem total, os quasicristais têm padrões que parecem não se encaixar perfeitamente e não se repetir nunca.
Como essa estrutura era considerada impossível pelo saber da época, seu descobridor, Dan Shechtman, foi ridicularizado, teve seu trabalho recusado pelas revistas científicas e foi expulso do seu grupo de pesquisa.
Felizmente tudo pode ser corrigido a tempo, e Shechtman ganhou o Prêmio Nobel de Química em 2011 pela descoberta dos quasicristais.
Mas este não é o fim da história.
Quasicristal natural
Até 2012 ninguém sabia se existiam quasicristais naturais, porque Shechtman estudou um material sintético. E havia muito ceticismo quanto a isso, porque acreditava-se que a estrutura era esquisita demais para ser estável em sólidos naturais.
Foi quando Luca Bindi, da Universidade de Florença, na Itália, descobriu um quasicristal nas montanhas da Rússia. Pelo tipo da rocha onde estava o quasicristal, ele e uma equipe da Universidade de Princeton, nos Estados Unidos, concluíram que a rocha poderia ter origem extraterrestre.
Agora essa hipótese foi confirmada. A mesma equipe encontrou um quasicristal em uma amostra de meteorito, fazendo com que as duas únicas amostras de quasicristais naturais conhecidas tenham origem extraterrestre.
"A descoberta desse segundo quasicristal de ocorrência natural confirma que esses materiais podem se formar na natureza e serem estáveis ao longo de escalas temporais cósmicas," disse o professor Paul Steinhardt.
Cristal extraterrestre
O novo "quasicristal ET", que ainda não tem um nome, tem uma estrutura de discos planos de 10 lados (decagonais) empilhados em uma coluna, uma estrutura impossível em um cristal.
Além disso, ele é formado por alumínio, níquel e ferro, elementos que normalmente não são encontrados no mesmo mineral na Terra porque o alumínio liga-se rapidamente ao oxigênio, impedindo a ligação do níquel e do ferro.
Ou seja, parece que os quasicristais são realmente coisa de outro mundo.
Usos dos quasicristais
Apesar de tudo, esses materiais já despertaram interesse para usos aqui na Terra.
Como são muito duros, têm baixa fricção e não conduzem calor muito bem, os quasicristais poderiam ser úteis como revestimentos protetores em inúmeras superfícies sujeitas a grandes desgastes, da parede interna das panelas à fuselagem e aos motores de avião.
Para isso, contudo, será necessário descobrir como sintetizá-los - ou encontrar uma mina de quasicristais em algum lugar no espaço.