Com informações da Agência Brasil - 08/12/2011
Tecnologias raras
O incremento da produção de terras raras no Brasil poderia dar autonomia ao país, inserindo-o no seleto grupo de países processadores desses metais.
Isto se o país tivesse demanda de matérias-primas para produzir produtos de alta tecnologia.
As terras raras são usadas em áreas de elevada tecnologia, da indústria do petróleo às telas sensíveis ao toque dos tablets. Atualmente, o mercado mundial é liderado pela China, que detém 97% da produção.
O possível desenvolvimento da cadeia produtiva de terras raras no Brasil foi discutido durante o 1º Seminário Brasileiro de Terras Raras, promovido pelo Centro de Tecnologia Mineral (Cetem), no Rio de Janeiro.
Embora apresente reservas estimadas de 3,5 bilhões de toneladas, o Brasil é retardatário na produção de terras raras.
Terras valiosas
As terras raras são 17 elementos químicos muito parecidos, mas que diferem no número de elétrons em uma das camadas da eletrosfera do átomo. São agrupadas em uma família na tabela periódica porque ocorrem juntos na natureza e são quimicamente muito parecidos.
Elas também têm como característica comum os nomes complicados: lantânio, neodímio, cério, praseodímio, promécio, samário, európio, gadolínio, térbio, disprósio, hólmio, érbio, túlio, itérbio, escândio e lutécio.
Apesar do nome sugerir, esses metais não são tão raros, como o ouro ou a platina, por exemplo. Assim, essenciais que são a várias indústrias, bem poderiam ser chamadas de "terras valiosas".
"Eles são de vital importância na indústria petrolífera. Sem eles, não há refino de petróleo, nem produção de derivados," explicou Ronaldo Santos, pesquisador do Cetem.
São importantes também em produtos de elevada tecnologia, em áreas como telecomunicações, geração e intensificação de imagens, produção de semicondutores e supercondutores, eletrodos dos automóveis elétricos e híbridos, ímãs de alto desempenho, indústria de informática, laser, fármacos, sistemas de orientação espacial e indústria bélica.
Considerando os produtos iniciais, precursores de toda a cadeia, pode-se dizer que o mercado mundial de terras raras movimenta hoje em torno de US$ 5 bilhões.
Quando, porém, são levados em conta os números movimentados no mundo em termos de valor agregado, essa cifra pode ser multiplicada quatro ou cinco vezes, acrescentou o pesquisador do Cetem.
Falta de demanda
Mas se o Brasil tem grandes reservas minerais de terras raras, o país não possui uma demanda que justifique que mineração em larga escala. Ou seja, totalmente dependente de importações em todas as áreas de tecnologia, não há demanda para as terras raras no Brasil.
A saída seria reforçar a face cada vez mais primária da economia brasileira, que está-se desindustrializando a olhos vistos.
"A capacitação das instituições existe tanto nos institutos de pesquisa quanto na academia. O que não há é demanda de projetos para isso. Nos últimos 15 anos, não tivemos demanda praticamente de nenhuma empresa em relação a terras raras, ou seja, um projeto que tenha início, meio e fim," disse Santos.
As conclusões do seminário serão encaminhadas ao Ministério das Minas e Energia. Elas deverão subsidiar a construção de uma agenda positiva para a implementação de uma política integrada para o setor.
O pesquisador sugeriu que o estabelecimento de parcerias público-privadas (PPPs) poderia ser uma solução para iniciar a cadeia produtiva do setor no Brasil.
As reservas nacionais de terras raras conhecidas estão localizadas nos estados de Minas Gerais e Goiás. Há também reservas que precisam de confirmação na região da Amazônia Legal, informou Santos. "É uma área sensível e exige que se faça um trabalho sistemático para a confirmação desses valores".