Com informações da Agência Fapesp - 09/07/2018
Guardar CO2 no xisto
Pesquisadores do Centro de Pesquisa de Inovação em Gás (RCGI), da USP, estão estudando a possibilidade de estocar gás carbônico em folhelhos da Bacia Sedimentar do Paraná, que ocorrem desde o Mato Grosso até o Uruguai, e nos turbiditos do offshore da Bacia de Santos, área de exploração petrolífera.
Segundo a equipe, a ideia é verificar se essas rochas têm capacidade para armazenar o gás carbônico e se seria possível, no caso dos folhelhos, injetar o CO2 ao mesmo tempo em que se retira o gás de folhelho (popularmente chamado de gás de xisto) contido neles.
O trabalho deverá resultar em um atlas onde constarão todas as informações geológicas das unidades estudadas, os dados obtidos e a localização das áreas mais favoráveis para a utilização de tecnologias de captura e armazenamento de carbono (CCS na sigla em inglês) nas regiões Sul e Sudeste do Brasil.
"O projeto também avaliará a viabilidade econômica de realização de CCS nos lugares selecionados geologicamente. E, ainda, critérios para avaliações de impactos ambientais e socioambientais da estocagem do CO2 nesses locais. Com base em todas essas informações poderá ser definido se uma área pode ou não receber CO2 com segurança", disse Colombo Tassinari, coordenador do projeto.
Folhelhos e turbiditos
Os folhelhos possuem vantagens sobre outras rochas para injeção do gás carbônico. "Primeiro, eles retêm naturalmente o gás carbônico e não precisam de rochas selantes, que impedem o escape do CO2, a não ser que estejam completamente fraturados. Segundo, eles contêm gás de folhelho, então é possível injetar gás carbônico e retirar o gás que está armazenado na rocha," detalhou Colombo.
Já os turbiditos da Bacia de Santos são rochas sedimentares de granulometria variável que contêm camadas de argila intercaladas, e é nessas argilas que a equipe vai focar os estudos.
Na pesquisa, as amostras das rochas estudadas serão submetidas a análises em laboratório para determinação dos minerais e das matérias orgânicas, sua porosidade, permeabilidade, quantidade de carbono disponível e outros.
"Iremos trabalhar dentro dos parâmetros usados em nível mundial para qualificar uma rocha como própria ou não para estocagem de CO2. E este será mais um desafio, pois esses parâmetros variam de um lugar para outro", disse Colombo.
O resultado será divulgado no Atlas de CCS das regiões Sul e Sudeste do Brasil, que será publicado no final do projeto, previsto para 2020.