Redação do Site Inovação Tecnológica - 01/07/2021
Ouro invisível
A pirita (FeS2) sempre foi conhecida como "ouro de tolo" porque é um mineral amarelo brilhante, podendo enganar os menos experientes.
Mas talvez tolo mesmo seja quem jogue a pirita fora.
Denis Fougerouse e colegas da Universidade Curtin, na Austrália, descobriram ouro verdadeiro preso dentro dos cristais da pirita.
Esse "ouro invisível", que escapou dos olhos e microscópios de cientistas e geólogos até hoje, pode não apenas valorizar as reservas do sulfeto de ferro, como também abrir o caminho para técnicas mais ambientalmente amigáveis de extração de ouro.
"Mineradores de ouro já haviam encontrado ouro na pirita, na forma de nanopartículas ou como uma liga de pirita-ouro, mas o que descobrimos é que o ouro também pode ser hospedado em defeitos cristalinos em nanoescala, representando um novo tipo de 'ouro invisível'.
"Quanto mais deformado é o cristal, mais ouro está preso nos defeitos. O ouro está hospedado em defeitos em nanoescala chamados deslocamentos - cem mil vezes menores do que a largura de um cabelo humano. Assim, é necessário usar uma técnica especial chamada tomografia de sonda atômica para observá-lo," explicou Fougerouse.
Ouro na pirita
As mineradoras optam sempre por explorar primeiro os veios mais ricos em ouro, o que faz com que todas as minas sofram com o declínio gradual do teor de mineral contido no minério extraído. Além disso, a taxa de descoberta de novos depósitos de ouro está em declínio em todo o mundo.
Assim, a descoberta de ouro na pirita, ainda que em pequenas quantidades, é uma ótima notícia.
Além disso, parece ser fácil separar o ouro de verdade do ouro dos tolos.
"Analisamos um processo de extração chamado lixiviação seletiva, usando um fluido para dissolver seletivamente o ouro da pirita. Os deslocamentos não apenas prendem o ouro, mas também se comportam como vias de fluido, que permitem que o ouro seja lixiviado sem afetar toda a pirita," contou Fougerouse.
Na verdade, bem antes desta descoberta de ouro real no interior do mineral, a pirita já vinha chamando a atenção por ter outros valores, como a capacidade de se tornar um material magnético de valor tecnológico e para a criação de uma nova geração de células solares.