Redação do Site Inovação Tecnológica - 17/02/2012
Carregador de medicamentos
Pesquisadores construíram um nanorrobô de DNA que transporta pequenas cargas até células individuais, de forma a controlar ou alterar seu funcionamento.
Capaz de carregar diferentes doses de moléculas até as células-alvo, o nanorrobô representa um grande avanço em relação aos atuais sistemas de transporte de medicamentos no interior do corpo, que geralmente se baseiam em nanopartículas.
O maior interesse dos pesquisadores é enviar moléculas para células de câncer, para que estas disparem seu processo de autodestruição, chamado apoptose.
Shawn Douglas e seus colegas da Universidade de Harvard usaram uma técnica chamada origami de DNA, que dobra as fitas de DNA para criar formatos 3D complexos.
Nanorrobô-barril
O nanorrobô tem um formato hexagonal, que lembra um barril, com as duas metades unidas por uma "dobradiça".
Fitas especiais de DNA mantêm-no fechado, guardando as moléculas do medicamento em seu interior.
Quando essas fitas de DNA, que fecham o depósito, encontram as proteínas para as quais foram projetadas, elas se reconfiguram, fazendo com que as duas metades do barril se abram, liberando o medicamento.
Nos testes, o nanorrobô se mostrou capaz de reconhecer as células de dois tipos de câncer, a leucemia e o linfoma.
Navegando com a corrente
O nanorrobô de DNA é um grande avanço em relação às nanopartículas porque ele age automaticamente quando encontra a célula que está procurando.
As nanopartículas geralmente grudam na célula, e ficam esperando um comando externo, que pode vir na forma de luz, calor ou um campo magnético.
Mas o nanorrobô da equipe de Harvard ainda tem uma deficiência: ele precisa ser solto na corrente sanguínea, e literalmente navega com a corrente, de forma totalmente passiva, já que não tem motores.
Caminhando para a luz
Mingxu You e seus colegas da Universidade da Flórida deram um passo adiante - ou melhor, vários passos adiante.
Eles construíram um nanorrobô de DNA bípede, que anda sozinho, controlado por luz.
Já existem nanorrobôs de DNA que andam, e até nanorrobôs que podem ser programados, mas todos eles se movimentam acionados por reações químicas, o que é um processo muito demorado e trabalhoso, ainda distante de qualquer aplicação prática.
Por exemplo, uma vez suprido o componente químico que faz o nanorrobô andar, ele vai andar até que seu "combustível" acabe.
Já a luz possibilita um controle muito mais preciso e flexível, permitindo que o robô ande e pare quando for necessário, além de oferecer uma resolução espacial muito mais elevada.
Nanorrobôs andarilhos
As pernas do nanorrobô firmam-se em ligações químicas frágeis sobre uma espécie de trilho, também feito de DNA.
A luz de diferentes cores libera cada uma das pernas alternadamente, permitindo que o robô ande.
Até agora o novo nanorrobô só conseguiu fazer caminhadas de 21 nanômetros de extensão, mas os pesquisadores afirmam que isto é apenas uma prova de conceito, e que ele vai andar muito mais no futuro.
E eles estão sonhando alto: "No futuro, nós queremos demonstrar aplicações reais desses nanorrobôs andarilhos, tais como o transporte de cargas, a sintetização de novos materiais e o controle de processos biológicos," afirmou Weihong Tan, coordenador da equipe.