Redação do Site Inovação Tecnológica - 06/04/2017
Mapa-múndi sísmico
Depois de um mapa da gravidade da Terra, do primeiro mapa do campo magnético superficial do planeta e até de um mapa do interior do Sol, agora começa a ser compilado um mapa das entranhas da Terra.
Partindo de dados gerados por terremotos e vulcões, Ebru Bozdag e uma equipe internacional de pesquisadores plotou tudo em uma simulação computadorizada para criar mapas em 3D do interior da Terra.
A equipe pretende criar um mapa do globo inteiro, e inicialmente está se concentrando em criar um modelo da superfície até a borda do manto, a uma profundidade de cerca de 3.000 km.
Teorias sobre o interior da Terra
Estas simulações adicionam contexto aos debates teóricos envolvendo a história geológica da Terra e sua dinâmica, o que inclui as teorias envolvendo o vulcanismo, a tectônica de placas, as plumas de magma e outros processos ainda pouco compreendidos.
"Este é o primeiro modelo sísmico global, onde nenhuma aproximação - a não ser o método numérico escolhido - foi usada para simular como as ondas sísmicas viajam através da Terra e como sentem suas heterogeneidades. É um marco para a comunidade da sismologia. Pela primeira vez, mostramos às pessoas o valor e a viabilidade de rodar essas ferramentas [de simulação computadorizada] para a geração de imagens sísmicas globais," disse Bozdag.
Ondas sísmicas
Devido à sua estrutura em camadas, a Terra é geralmente comparada a uma cebola. O problema é que não é possível descascá-la para entender o que está acontecendo abaixo da superfície. Por isso é necessário usar métodos indiretos para descobrir o que acontece nas profundezas.
Quando ocorre um terremoto, a liberação de energia cria ondas sísmicas que viajam pelas várias camadas da Terra. Os sismógrafos detectam variações na velocidade dessas ondas, e essas mudanças de velocidade fornecem pistas sobre a composição, densidade e temperatura do meio em que a onda está passando. Por exemplo, as ondas movem-se mais lentamente quando passam pelo magma quente, como plumas do manto e pelos chamados "pontos quentes", do que quando passam por zonas de subducção mais frias, locais onde uma placa tectônica desliza abaixo de outra.
Tomografia sísmica
Cada sismograma representa uma fatia estreita do interior do planeta. Ao juntar muitos sismogramas - para essa versão do mapa foram usados 253 - torna-se possível produzir uma imagem 3D global, capturando tudo, desde as plumas de magma alimentando o Anel de Fogo do Pacífico, até os pontos quentes do parque Yellowstone e placas subduzidas sob a Nova Zelândia.
Este processo, chamado de tomografia sísmica, funciona de forma semelhante às técnicas de imagem empregadas em medicina, onde as imagens de raios X 2-D tomadas de várias perspectivas são combinadas para criar imagens 3D de áreas dentro do corpo humano. Já existe também uma tomografia de rádio.