Com informações da Universidade Radboud - 28/04/2014
Acoplamento luz-magnetismo
É possível fazer um acoplamento eficaz entre o magnetismo e a luz, bastando para isso usar um mediador inusitado: o som.
Este fenômeno recém-descoberto poderá ser a chave para a gravação magnética de dados por meio da luz.
"Isso significa que o acoplamento da luz com o magnetismo é muito eficaz e estamos chegando perto do nosso sonho - gravar informações magneticamente com a ajuda da luz," disse Alexey Kimel, líder da equipe que inclui pesquisadores da Universidade de Radboud (Holanda) e Universidade Nacional Taurida (Crimeia).
O mecanismo é diferente de outro descoberto quase simultaneamente, que envolve o uso de um LED para ler dados gravados em memórias orgânicas - na verdade, é o seu complemento direto, com um trabalhando na leitura e outra na gravação.
Controlar o estado magnético de um material com o auxílio de luz pode ser o melhor modo de desenvolver uma nova geração de dispositivos de armazenamento de dados magnéticos - que não perdem os dados na ausência de energia, como os discos rígidos.
O problema, até agora, era encontrar um mecanismo eficaz para controlar o magnetismo opticamente.
Surfe magnético
De acordo com a mecânica quântica, o efeito mais forte na interação luz-matéria é o efeito do campo elétrico da luz sobre os elétrons, o que sugere que pelo menos uma parte da magnetização deve ser conservada.
O fato de que uma onda de som pode efetivamente se acoplar à magnetização é bem conhecido.
Inesperadamente, a equipe descobriu que o som lançado opticamente em uma frequência f é acompanhado por uma resposta da magnetização nas frequências f, 2f e 3f.
Esse fenômeno é chamado anarmonicidade - qualquer pêndulo se torna anarmônico se seus desvios do equilíbrio se tornam muito grandes.
"O fato de que as oscilações da magnetização induzidas por laser são anarmônicas é muito intrigante," disse Kimel.
O método de controlar opticamente o magnetismo, além de muito eficaz, é bastante simples: pulsos intensos e ultracurtos (menos de 100 femtossegundos) de laser excitam os elétrons no material magnético a tal ponto que as nuvens de elétrons energizados empurram os átomos, colocando-os em movimento e gerando uma onda sonora, que altera o estado de magnetização do material.
A magnetização efetivamente "surfa" nas ondas sonoras geradas pelos pulsos de laser.
O efeito foi observado no borato de ferro, um material muito semelhante à hematita, por sua vez um dos ímãs mais baratos que existem.