Redação do Site Inovação Tecnológica - 11/07/2014
Automatizando a química
A tecnologia microfluídica já está incorporada em um sem-número de biochips, microlaboratórios, lab-on-a-chips e um igualmente sem-número de outros nomes.
De forma geral, um microlaboratório ou biochip é um dispositivo que integra as funções de laboratório em um chip com alguns milímetros ou centímetros de tamanho - eles são fabricados com técnicas similares às usadas para fabricar os processadores e outros circuitos integrados eletrônicos, daí serem chamados de chips.
Mas a intenção é que eles resolvam problemas em áreas muito diferentes, incluindo o sequenciamento de DNA, a descoberta de novos medicamentos, a detecção de vírus e inúmeros exames biomédicos.
Antes, porém, será necessário aprender a programar esses biochips, em cujas veias correm compostos químicos em estado líquido, e não elétrons, como nos chips eletrônicos.
É o que estão fazendo Daniel Grissom e seus colegas da Universidade da Califórnia em Riverside, nos Estados Unidos.
Eles adaptaram uma linguagem de programação voltada à biologia para automatizar as reações bioquímicas no interior dos biochips.
"Se você pensar no início dos computadores, eles eram basicamente ferramentas para automatizar a matemática. O que estamos criando são dispositivos que poderão automatizar a química," afirma o professor Philip Brisk, orientador da equipe.
Linguagem de programação biológica
Como são parentes muito próximos dos circuitos integrados eletrônicos, os microlaboratórios são equipados com sensores eletrônicos semelhantes aos usados em celulares inteligentes e tablets.
Estes sensores permitem analisar os dados das reações para tomar decisões sobre o que fazer a seguir, por exemplo, selecionando os canais por onde os compostos deverão circular dentro do chip, quais compostos devem se misturar, quais devem ser descartados etc.
A equipe começou com uma linguagem de programação biológica, a BioCoder, desenvolvida pelo escritório de pesquisa da Microsoft na Índia. Ela foi originalmente criada para melhorar a reprodutibilidade e viabilizar a automação de experimentos de biologia usando uma linguagem de programação para expressar a série de passos realizados em cada experimento.
A equipe modificou a BioCoder para torná-la capaz de processar as leituras dos sensores dos microlaboratórios em tempo real.
"Nós estamos realmente tentando eliminar a interação humana o máximo possível," disse Brisk. "Agora, você tem um chip, você o usa e, em seguida, você o analisa. Através da automação e da programação, você elimina o erro humano, reduz os custos e acelera todo o processo."
A equipe planeja agora construir um protótipo de chip que possa ser programado e usado em aplicações do mundo real.