Alessandra Corrêa - BBC - 12/07/2010
O Departamento do Interior dos Estados Unidos determinou nesta segunda-feira uma nova suspensão da exploração de petróleo em águas profundas no país.
Ao anunciar a decisão, o secretário do Interior, Ken Salazar, disse que é preciso interromper as operações até que as empresas implementem medidas de segurança para reduzir riscos de acidentes e estejam preparadas para conter vazamentos como o que ocorre no Golfo do México desde 20 de abril, após a explosão de uma plataforma operada pela petroleira britânica BP.
Incapacidade das empresas
"Mais de 80 dias depois do início do vazamento da BP, uma pausa nas perfurações em águas profundas é essencial e adequada para proteger as comunidades, o litoral e a vida selvagem do risco que a exploração em águas profundas representa no momento", disse o secretário.
Segundo o Departamento do Interior, a decisão é apoiada em dados que indicam que a permissão de novas operações de exploração de petróleo em águas profundas representaria riscos ao ambiente costeiro, marítimo e humano.
"Estou baseando minha decisão nas evidências, a cada dia maiores, da incapacidade das empresas que operam em águas profundas de conter rupturas catastróficas, responder a um eventual vazamento de petróleo, e operar de maneira segura", afirmou Salazar.
Garantias de segurança
A nova suspensão deverá permanecer em vigor até 30 de novembro.
Em maio, o governo americano já havia determinado uma suspensão de seis meses na exploração em águas profundas, válida para profundidades superiores a 500 pés (152 metros).
Essa medida, porém, foi derrubada por um juiz federal no fim do mês passado, depois de intenso lobby da indústria petroleira.
O Departamento do Interior afirmou que a decisão desta segunda-feira está baseada em novos dados relativos à preocupação quanto à segurança das operações em águas profundas.
Segundo o governo, ao contrário da suspensão anterior, baseada na profundidade das operações, a nova medida tem como base configurações e tecnologias usadas na exploração em águas profundas e deixa aberta a possibilidade de retomada das operações, caso as empresas comprovem determinadas garantias de segurança.
"Eu permaneço aberto a modificar a nova suspensão de exploração em águas profundas baseado em novas informações", disse o secretário.
Segundo Salazar, porém, para que isso ocorra, as indústrias devem responder a questões fundamentais sobre segurança, prevenção, contenção e resposta a vazamentos de petróleo.
Lucros
Em um comunicado divulgado nesta segunda-feira, uma das principais entidades representativas da indústria petroleira, o American Petroleum Institute (Instituto Americano do Petróleo), disse que a nova suspensão é desnecessária e vai custar empregos.
"É desnecessária e míope", disse presidente da entidade, Jack Gerard, ao afirmar que o governo já impôs diversos pré-requisitos de segurança adicionais, apoiados pela indústria.
"(A suspensão) coloca os empregos de dezenas de milhares de trabalhadores em sério e imediato risco e promete uma substancial redução na produção de energia doméstica", afirmou Gerard.
Desastre sem solução
O vazamento de petróleo no Golfo do México é o pior desastre ambiental da história norte-americana e permanece sem solução. Desde a explosão da plataforma Deepwater Horizon, diversas estratégias para conter o fluxo de petróleo fracassaram.
Na última tentativa, iniciada no sábado, a BP tenta instalar um novo funil sobre o vazamento, na esperança de que possa coletar todo o petróleo que vem sendo despejado. A empresa disse que irá testar a nova estratégia por cerca de 48 horas para monitorar seu funcionamento.
Nesta terça-feira, uma comissão presidencial instalada para investigar as causas do acidente com a plataforma Deepwater Horizon realiza seu segundo dia de audiências em Nova Orleans, no Estado de Louisiana, um dos mais afetados pelo vazamento.