Marcia Bizzotto/BBC - 30/10/2009
Metade do necessário
Os líderes da União Europeia concordaram nesta sexta-feira em defender uma "contribuição pública internacional" com um valor entre US$ 32 bilhões e US$ 75 bilhões anuais até 2020 para financiar o combate ao aquecimento global nos países em desenvolvimento.
O bloco europeu estima que, nos próximos dez anos, os países em desenvolvimento precisarão de US$ 150 bilhões anuais para se adaptar às mudanças climáticas e conter suas emissões de gases causadores do efeito estufa.
Acordo pós-Kyoto
Após dois dias de reuniões em Bruxelas, as autoridades europeias decidiram que o valor exato da contribuição do bloco será determinado durante as negociações da conferência sobre o clima de Copenhague, em dezembro.
O objetivo do encontro é definir um acordo global de redução das emissões de gases poluentes para substituir o atual Protocolo de Kyoto.
A União Europeia também pedirá que entre US$ 7,5 bilhões e US$ 10 bilhões da ajuda internacional total sejam liberados em 2010 em caráter de urgência, a fim de que os países pobres possam tomar medidas contra os problemas já existentes em consequência do aquecimento global.
Parcela própria
Apesar da falta de um acordo mais específico sobre a sua própria contribuição, os líderes europeus descreveram o resultado das reuniões em Bruxelas como "um êxito" e se comprometeram a contribuir com uma "parcela justa".
"Agora, a União Europeia tem uma posição negociadora muito forte para levar a Copenhague", disse o primeiro-ministro sueco, Fredrik Reinfeldt, cujo país exerce a Presidência rotativa do bloco.
A Comissão Europeia, braço executivo do bloco, esperava que os líderes aceitassem a proposta de se comprometer a contribuir com até US$ 22 bilhões para a ajuda internacional.
Para o presidente da comissão, José Manuel Durão Barroso, uma iniciativa nesse sentido ajudaria a pressionar os países emergentes.
Necessidade de desenvolvimento
No entanto, a proposta de Bruxelas esbarrou em uma forte oposição de nove países do Leste Europeu, que se recusam a financiar medidas em outros países que eles próprios ainda não têm condições de adotar.
"Em um país como a Polônia, temos uma margem muito limitada para reduzir as emissões até 2020. Não queremos nos converter em um museu do folclore do Leste Europeu. Queremos nos desenvolver rapidamente", defendeu o ministro polonês de Assuntos Europeus, Mikolaj Dowgielewicz.
Para tranquilizar o grupo, a União Europeia concordou que a contribuição inicial será voluntária. No longo prazo, a divisão dos valores que caberão a cada país será definida com base em sua "situação econômica e capacidade financeira".