Redação do Site Inovação Tecnológica - 25/03/2025
Moléculas orgânicas em Marte
Ao analisar o pó extraído de uma rocha marciana pelo robô Curiosidade, cientistas encontraram os maiores compostos orgânicos no planeta vermelho até hoje.
As moléculas encontradas são decano, undecano e dodecano, formadas por 10, 11 e 12 carbonos, respectivamente. Acredita-se que esses compostos sejam fragmentos de ácidos graxos que foram preservados na rocha - os ácidos graxos estão entre as moléculas orgânicas (moléculas à base de carbono) que são blocos fundamentais que precederam a construção química da vida.
Isso indica que a química prebiótica pode ter ocorrido em Marte em tempos bem mais recentes do que o observado anteriormente.
Mas os ácidos graxos também podem ser produzidos sem conexão com a vida, por meio de reações químicas desencadeadas por vários processos geológicos, incluindo a interação da água com minerais em fontes hidrotermais.
Embora não haja uma maneira de confirmar a origem das moléculas encontradas, esta é a primeira evidência de que a química orgânica avançou em direção ao tipo de complexidade necessária para a origem da vida.
Isto também aumenta as chances de que grandes moléculas orgânicas que podem ser produzidas apenas na presença de vida, conhecidas como bioassinaturas, possam ter sido preservadas em algum lugar em Marte, minimizando as preocupações de que tais compostos seriam destruídos após dezenas de milhões de anos de exposição à radiação e oxidação intensas.
"Nosso estudo prova que, mesmo hoje, ao analisar amostras de Marte, poderíamos detectar assinaturas químicas de vida passada, se é que ela alguma vez existiu em Marte," disse Caroline Freissinet, do Centro Nacional Francês de Pesquisa Científica.
Origem das moléculas
A descoberta dos compostos orgânicos foi um efeito colateral não esperado de um experimento que sondava a rocha em busca de sinais de aminoácidos, que são os blocos de construção das proteínas. Após aquecer a amostra duas vezes no forno do Minilaboratório de Análise de Amostras em Marte (SAM), a bordo do robô Curiosidade, e então medir a massa das moléculas liberadas, a equipe não viu nenhuma evidência de aminoácidos.
Mas eles notaram que a amostra liberou pequenas quantidades de decano, undecano e dodecano.
Como esses compostos podem ter-se separado de moléculas maiores durante o aquecimento, os cientistas trabalharam de trás para frente para tentar desvendar de quais estruturas eles podem ter vindo. A hipótese mais plausível é de que essas moléculas são remanescentes dos ácidos graxos ácido undecanoico, ácido dodecanoico e ácido tridecanoico, respectivamente.
É possível que a rocha contenha ácidos graxos de cadeias ainda mais longas, mas o minilaboratótio do Curiosidade não é otimizado para detectar cadeias mais longas.
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