Logotipo do Site Inovação Tecnológica





Espaço

Robô encontra em Marte rocha com possíveis indícios de vida antiga

Redação do Site Inovação Tecnológica - 26/07/2024

Robô Perseverança encontra em Marte rocha com possíveis indícios de vida
A rocha Cataratas Cheyava é a da esquerda, na qual se vê um furo (bem à esquerda), onde o robô fez uma perfuração para coletar amostras, com uma ampliação embaixo. À direita está a rocha batizada de "Montanha do Barco a Vapor". As manchas circulares brancas, vistas em ambas, são resultado da abrasão que o robô usou para limpar a superfície, permitindo que os instrumentos estudassem a composição de ambas.
[Imagem: NASA/JPL-Caltech/ASU/MSSS]

Sinais de micróbios em Marte

O robô Perseverança, que estuda as rochas de Marte desde 2021, teve sua missão largamente eclipsada pelo pequeno helicóptero Engenhosidade, que voou de carona com ele e virou uma celebridade.

Mas, depois de anos sem descobertas dignas de nota, o robô pode ter começado a dar a volta por cima.

O geólogo robótico encontrou uma rocha que tem algumas indicações muito boas de que ela pode ter hospedado vida microbiana bilhões de anos atrás. É apenas um indício, o passo número 1 em uma escala de 7 degraus para configurar uma descoberta efetiva de sinais de vida, mas é um primeiro passo essencial para que os estudos possam prosseguir.

O robô encontrou uma rocha, batizada de Cataratas Cheyava, em homenagem a uma cachoeira no estado do Arizona, que apresenta indícios de que ela poderia ter hospedado micróbios vivos bilhões de anos atrás. Infelizmente, o robô não tem instrumentos suficientes para fazer uma análise conclusiva que possa nos dar certeza disso.

Mas as análises dos instrumentos a bordo do rover indicam que a rocha possui qualidades que se encaixam na definição de um possível indicador de vida antiga. A rocha contém assinaturas químicas e estruturas que poderiam ter sido formadas por micróbios, quando a área sendo explorada parecia conter água corrente.

Outras explicações para as características observadas na rocha estão sendo consideradas pela equipe científica, e futuras etapas de pesquisa serão necessárias para determinar se a vida antiga é uma explicação válida. Por exemplo, é preciso levar em conta o chamado Paradoxo de Marte, o fato de que Marte é frio demais, não tendo hoje, e quase certamente nunca tendo no passado, condições de contar com águas correntes em sua superfície.

"Nós projetamos a rota para o Perseverança para garantir que ele vá para áreas com potencial para amostras científicas interessantes," disse Nicola Fox, da Nasa. "Esta viagem pelo leito de rio Vale Neretva valeu a pena, já que encontramos algo que nunca vimos antes, o que dará aos nossos cientistas muito o que estudar."

Robô Perseverança encontra em Marte rocha com possíveis indícios de vida
Os astrobiólogos criaram uma escala de sete passos, chamada escala CoLD (Confidence of Life Detection, ou detecção de vida com confiança), para pesquisar se uma amostra pode indicar vida. A rocha encontrada agora em Marte está no Passo Um: Detectar um possível sinal de vida.
[Imagem: NASA/Aaron Gronstal]

Possibilidades, positivas e negativas

A rocha Cataratas Cheyava, que mede 1 metro por 0,6 metro, apresenta grandes veios brancos de sulfato de cálcio. Entre esses veios, há faixas de material cuja cor avermelhada sugere a presença de hematita, um óxido de ferro, um dos minerais que dá a Marte sua tonalidade vermelho-ferrugem característica.

Quando o Perseverança usou sua broca para perfurar a rocha e examinar essas regiões vermelhas mais de perto, ele encontrou dezenas de manchas esbranquiçadas de tamanho milimétrico e de formato irregular, cada uma rodeada de material preto, semelhante às manchas de um leopardo. O instrumento PIXL (Instrumento Planetário para Litoquímica de Raios X) determinou que esses halos pretos contêm ferro e fosfato.

"Esses pontos foram uma grande surpresa," disse David Flannery, astrobiólogo e membro da equipe científica do Perseverança. "Na Terra, esses tipos de características em rochas são frequentemente associados ao registro fossilizado de micróbios vivendo no subsolo."

Manchas desse tipo em rochas sedimentares terrestres podem ocorrer quando reações químicas envolvendo hematita transformam a rocha de vermelha em branca. Essas reações também podem liberar ferro e fosfato, possivelmente causando a formação de halos pretos. Reações desse tipo podem ser uma fonte de energia para micróbios, explicando a associação entre tais características e micróbios em um ambiente terrestre.

Em um cenário que a equipe científica está considerando, a rocha teria sido inicialmente depositada como lama com compostos orgânicos misturados, que eventualmente cimentaram, dando origem à rocha sedimentar. Mais tarde, um segundo episódio de fluxo de fluido, possivelmente água, teria penetrado por fissuras na rocha, gerando depósitos minerais que criaram os veios brancos de sulfato de cálcio e resultando nas manchas.

Mas há elementos de confusão, porque os veios também contêm cristais de olivina de tamanho milimétrico, um mineral que se forma a partir do magma, portanto de origem ígnea, e não sedimentar. A olivina pode estar relacionada a rochas que foram formadas em regiões secas, pela cristalização do magma.

Se este for o caso, a olivina e o sulfato poderiam ter sido introduzidos na rocha em temperaturas incrivelmente altas, incompatíveis com qualquer forma de vida, criando uma reação química abiótica que resultou nas manchas de leopardo.

Seguir Site Inovação Tecnológica no Google Notícias





Outras notícias sobre:
  • Marte
  • Exploração Espacial
  • Mineração
  • Universo e Cosmologia

Mais tópicos