Redação do Site Inovação Tecnológica - 23/07/2024
Enxofre em Marte
O robô Curiosidade, que explora Marte desde 2012, fez uma descoberta inesperada e ainda não compreendida pelos cientistas.
Ao triturar uma rocha esbranquiçada para estudar sua composição, os instrumentos do robô detectaram o elemento enxofre em estado puro.
Desde outubro de 2023, o rover vem explorando uma região de Marte rica em sulfatos, um tipo de sal que contém enxofre e se forma à medida que a água evapora. Assim, as detecções anteriores foram de minerais à base de enxofre, ou seja, uma mistura de enxofre e outros elementos químicos. Mas a rocha que o Curiosidade explorou agora é feita de enxofre elementar, ou puro.
Ainda não está claro qual a relação - se houver - entre o enxofre elementar e outros minerais à base de enxofre encontrados na área.
"Encontrar um campo de pedras feito de enxofre puro é como encontrar um oásis no deserto," disse Ashwin Vasavada, do Laboratório de Propulsão a Jato da Nasa. "Ele não deveria estar lá, então agora temos que explicá-lo. Descobrir coisas estranhas e inesperadas é o que torna a exploração planetária tão emocionante."
Embora o enxofre seja comumente associado ao odor de ovos podres, o mau cheiro é resultado do gás sulfeto de hidrogênio - o enxofre elementar é inodoro. Ele forma-se apenas em uma gama muito restrita de condições, que os cientistas não associaram à história do local onde as rochas estão. E o Curiosidade encontrou muitas delas - um campo inteiro de rochas brilhantes que se parecem com aquela que o veículo espacial triturou e analisou.
Enxurradas marcianas
O enxofre puro é apenas uma das várias descobertas que o Curiosidade fez durante sua atual campanha de observações no canal Vale do Gediz, um sulco que desce por parte do Morro Agudo, de 5 quilômetros de altura, cuja base o rover vem subindo desde 2014.
Cada camada da montanha representa um período diferente da história marciana. A missão do rover é estudar onde e quando o antigo terreno do planeta poderia ter fornecido nutrientes necessários para o surgimento de vida microbiana - se é que ela já existiu em Marte.
Este canal é uma das principais razões pelas quais a equipe científica da missão selecionou o local para o pouso do robô. Os cientistas acreditam que o canal foi escavado por fluxos de água líquida e detritos, que deixaram uma crista de rochas e sedimentos que se estende por três quilômetros encosta abaixo da montanha. O objetivo tem sido compreender como esta paisagem mudou durante as eras geológicas.
Desde a chegada do Curiosidade ao canal, no início deste ano, ele já mostrou que antigas enchentes e deslizamentos de terra formaram os grandes montes de detritos que se erguem do fundo do canal. Os dois fenômenos parecem ter desempenhado um papel, com algumas pilhas provavelmente deixadas por violentos fluxos de água e detritos, enquanto outras parecem ser o resultado de deslizamentos de terra locais.