Redação do Site Inovação Tecnológica - 17/01/2023
Insanidade atômica
Não há um lugar totalmente bom para se estar quando uma bomba nuclear explode: Qualquer coisa muito próxima é vaporizada instantaneamente e a radiação pode representar uma séria ameaça à saúde, mesmo à distância.
Mas há um outro perigo intermediário: A onda de choque gerada pela explosão, que pode produzir velocidades no ar fortes o suficiente para erguer pessoas no ar e causar ferimentos graves.
Como é amplamente aceito que esta pode ter sido a maior catástrofe que já tenha acometido a humanidade em todos os tempos, por algumas décadas acreditamos que bombas atômicas explodindo eram mais impossibilidades do que possibilidades. Mas a ascensão ao poder de líderes afeiçoados ao complexo industrial militar colocou o assunto novamente na agenda.
Ioannis Kokkinakis e Dimitris Drikakis, da Universidade de Nicósia, no Chipre, fizeram então os que lhes parecia mais razoável: Se não conseguimos evitar a explosão nuclear, como podemos fugir dela?
Os dois físicos simularam a explosão de uma bomba atômica de um míssil balístico intercontinental típico e a onda de choque resultante para ver como isso afetaria as pessoas que se abrigam em ambientes fechados comuns, como prédios e residências.
O artigo publicado pelos dois traz uma série de recomendações para, caso não consigamos fugir da insanidade dos nossos líderes, ao menos como poderemos minimizar os danos pessoais.
Onde ficar após uma explosão nuclear
Segundo a simulação, na zona de dano moderado - além de onde tudo é vaporizado - a onda de choque é suficiente para derrubar alguns prédios e ferir pessoas que estiverem ao ar livre. No entanto, edifícios de alvenaria e estruturas de concreto podem permanecer de pé - no hemisfério Norte são comuns casas com estruturas totalmente em madeira.
A equipe então foi mais a fundo, usando uma modelagem avançada de computador para estudar como a onda de choque entra pelas estruturas, prédios e casas que não desabam. Para isso, eles montaram prédios-modelo, com salas, janelas, portas e corredores, que permitiram calcular a velocidade do ar no interior dessas construções conforme a onda de choque os atinge.
Os resultados então mostram os melhores e os piores lugares para se ficar.
"Antes do nosso estudo, o perigo para as pessoas dentro de um edifício reforçado com concreto que resiste à onda de choque não era claro," disse Drikakis. "Nosso estudo mostra que as altas velocidades continuam sendo um risco considerável e ainda podem resultar em ferimentos graves ou até mesmo em mortes."
De acordo com os resultados, simplesmente estar em um prédio robusto não é suficiente para evitar riscos. Os espaços apertados podem aumentar a velocidade no ar, e o envolvimento da onda de choque faz com que o ar reflita nas paredes e faças as curvas dos cantos. Nos piores casos, isso pode produzir uma força equivalente a 18 vezes o peso corporal de um ser humano, o que representa um impacto certamente fatal.
"Os locais internos críticos mais perigosos a serem evitados são as janelas, os corredores e as portas," disse Kokkinakis. "As pessoas devem ficar longe desses locais e se abrigar imediatamente. Mesmo na sala da frente, de frente para a explosão, pode-se estar a salvo das altas velocidades se posicionado nos cantos da parede de frente para a explosão."
Proteção urgente
Os dois físicos enfatizam que o tempo entre a explosão e a chegada da onda de choque é de apenas alguns segundos, portanto, chegar rapidamente a um local seguro é fundamental.
"Além disso, haverá aumento dos níveis de radiação, edifícios inseguros, linhas de energia e gás danificadas e incêndios," lembra Drikakis. "As pessoas devem se preocupar com tudo o que foi dito acima e procurar assistência de emergência imediata."
Embora os dois pesquisadores aleguem esperar que seus conselhos nunca precisem ser seguidos, eles acreditam que entender os efeitos de uma explosão nuclear pode ajudar a prevenir ferimentos e orientar os esforços de resgate.