Redação do Site Inovação Tecnológica - 11/12/2007
Uma pesquisa feita nos Estados Unidos mostrou que 95% dos automóveis andam no máximo 1 hora por dia. Se esse carro possuir um tanque de gasolina ou de álcool, ele não servirá para nada durante as 23 horas restantes. Mas o assunto é completamente diferente se ele for um carro elétrico, dotado de baterias e um plugue que o conecte à rede elétrica.
Baterias de reserva
A idéia do professor Willett Kempton, da Universidade de Delaware, nos Estados Unidos, é utilizar os carros elétricos como um sistema de armazenamento de eletricidade que pode ser utilizado de forma automática pelo sistema nacional de distribuição de energia.
Quando o sistema precisar de mais energia do que a que está sendo gerada no momento, ele automaticamente retira energia das baterias de milhões de veículos elétricos estacionados nas garagens, pagando ao seus proprietários uma taxa pela utilização da eletricidade armazenada. Esse é o futuro proposto pelo professor Kempton.
Carro elétrico V2G
Para testar a idéia, Kempton e seus colegas criaram o V2G, um protótipo de carro elétrico que não fica nada a dever aos mais modernos carros a gasolina ou álcool. Ele acelera de 0 a 100 km/h em 7 segundos, atinge uma velocidade máxima de 150 km/h e tem uma autonomia de 240 quilômetros após cada recarga. Suas baterias têm uma vida útil de 5 anos e podem ser recarregadas em 2 horas em uma conexão especial de 240 volts ou em 12 horas em uma tomada comum de 110 volts.
Além, é claro, das vantagens tradicionais dos carros elétricos: não emite poluentes, é absolutamente silencioso, acelera macio, não tem vibrações, não precisa de troca de óleo e seus freios duram três vezes mais do que os freios de um carro comum, graças a um sistema que aproveita a energia da frenagem para recarregar suas baterias.
Carros conectados à rede
O nome do protótipo de carro elétrico - V2G - é na verdade uma sigla para vehicle to grid, ou carro conectado à rede elétrica, no sentido de que o carro não apenas utiliza a energia para recarregar suas baterias, mas também fornece energia para a rede de distribuição.
A demanda de energia elétrica tem diversos picos, tanto ao longo de um dia como no decorrer de um ano. Para atender a esses picos, as companhias mantêm usinas de reserva, geralmente termoelétricas, que são acionadas assim que a demanda começa a se aproximar da oferta.
Fornecimento voluntário
Caso a proposta do V2G torne-se uma realidade, esses picos de demanda poderão ser atendidos pelas baterias dos veículos estacionados, evitando o custo de instalação de novas usinas. O fornecimento de energia é voluntário, sendo que o proprietário deve chavear o veículo em modo de fornecimento. Desta forma, ele não corre o risco de encontrar suas baterias descarregadas quando precisar do veículo.
Conexão especial com a rede elétrica
Para um funcionamento mais eficiente, as residências deverão ser dotadas de uma conexão especial com a rede elétrica, com tensão de 240 volts e capaz de receber a carga completa da bateria em apenas 2 horas. É essa conexão que permitirá que a rede elétrica também possa contar com a energia em grandes volumes quando for necessário.
"Quanto maior o plugue, maior a energia que você consegue mover, e maior sua receita," explica Kempton, enfatizando o fato de que a companhia de energia deverá ressarcir os donos dos automóveis toda vez que ela utilizar a energia das baterias do seu carro.