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Economista defende que Brasil agregue valor aos minerais

Alana Gandra - Agência Brasil - 12/07/2010


O Brasil perde dinheiro ao exportar a matéria-prima mineral, e não o produto transformado, de maior valor agregado, afirma o economista Gilson Ezequiel Ferreira, do Centro de Tecnologia Mineral (Cetem) do Ministério da Ciência e Tecnologia.

Exportador de matérias-primas

"O nosso problema é que tudo o que nós extraímos nós exportamos. E é, basicamente, matéria-prima. O grande problema do Brasil é esse. Nós exportamos minério de ferro e os outros minerais na sua forma natural. Não agregamos valor nenhum ao produto mineral que poderia ser feito aqui no Brasil, dando emprego, recolhendo imposto, para o desenvolvimento do país", afirmou.

A principal matéria-prima mineral brasileira é, atualmente, o minério de ferro, cujo maior produtor é a mineradora Vale. Segundo o pesquisador do Cetem, a empresa é a maior produtora nacional, respondendo por quase 90% da produção no país.

A saída seria exportar produtos de maior valor agregado, como ferro gusa ou chapa de aço, disse Gilson Ferreira. Segundo ele, 1 tonelada de minério de ferro custa US$ 150. "Já com 1 tonelada de gusa, você agrega aí US$ 500 e 1 tonelada de chapa são US$ 1.000. Ou seja, você dá emprego no país, desenvolve regiões, recolhe impostos etc.".

Estrada Real

Junto com o pesquisador Gilberto Dias Calaes, Gilson editou o novo livro do Cetem que conta a história da mineração no Brasil a partir da Estrada Real.

Com 1.400 quilômetros de extensão, a Estrada Real era a principal via de escoamento das riquezas minerais de Minas Gerais no século 18, entre as quais ouro e as pedras preciosas, que eram mandadas para a Europa.

A via acabou se transformando no principal corredor de exportação do país e gerou a criação, no seu entorno, da região mais desenvolvida do país, que é o Sudeste, disse o economista. "Foi o berço do desenvolvimento econômico, social, político do Brasil".

Ouro trabalhado

Hoje, o Brasil é um dos quatro maiores produtores de ouro, embora o minério não seja mais exportado na sua forma natural. A produção é toda para o consumo interno. A exportação ocorre com o ouro transformado em joias, de maior valor agregado.

As propostas do novo marco regulatório da mineração foram anunciadas em março deste ano pelo então ministro de Minas e Energia (MME), Edison Lobão.

O novo marco está sendo elaborado pela Secretaria de Geologia Mineração e Transformação Mineral do MME e pelo Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM). Ele prevê a criação de uma agência que irá regular o setor mineral e de um conselho nacional.

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