Redação do Site Inovação Tecnológica - 19/07/2024
Materiais de construção biogênicos
Engenheiros alemães desenvolveram um método para criar materiais de construção biogênicos, usando bactérias para fabricá-los - as bactérias se multiplicam em uma solução nutritiva, alimentadas pela própria fotossíntese.
Quando agregados, recebendo materiais conhecidos como "cargas" - como areia, basalto ou outras matérias-primas -, a solução gera estruturas sólidas semelhantes a rochas.
Ao contrário da produção tradicional de concreto, este processo não emite dióxido de carbono (CO2), que é prejudicial ao meio ambiente. Em vez disso, o CO2 fica preso dentro do próprio material.
A peça central do processo são as cianobactérias, também conhecidas como algas verde-azuladas. À medida que a luz, a umidade e a temperatura interagem, esses microrganismos fotossintéticos formam estruturas conhecidas como estromatólitos, feitas de calcário.
Essas estruturas biogênicas semelhantes a rochas existem na natureza há 3,5 bilhões de anos, o que atesta a resiliência e durabilidade desse processo biológico. O CO2 é capturado da atmosfera como parte do processo de mineralização e depois fica ligado à rocha biogênica.
Biologização em escala industrial
A equipe do Instituto Fraunhofer de Tecnologia de Feixe de Elétrons e Plasma conseguiu imitar esse processo natural com um método tecnológico.
A primeira etapa consiste em produzir biomassa, com as cianobactérias sensíveis à luz sendo cultivadas em uma solução nutritiva. A intensidade e a cor da fonte de luz utilizada - pode ser luz artificial - afetam a fotossíntese e o metabolismo bacteriano. Para garantir que a solução bacteriana possa sofrer mineralização para produzir estruturas semelhantes a estromatólitos, são adicionadas fontes de cálcio, como cloreto de cálcio.
Uma mistura de hidrogéis e cargas diversas, como diferentes tipos de areia, inclusive areia marinha ou sílica, são então misturadas à biomassa - CO2 adicional é acrescentado para otimizar o processo. Tudo é agitado até atingir a homogeneidade, quando então o material é transferido para moldes, por exemplo. Os moldes devem ser preferencialmente translúcidos para que os processos metabólicos e de fotossíntese bacterianos possam continuar. A mineralização subsequente leva à solidificação final.
Mas o processo é mais versátil, com a mistura bacteriana também podendo ser moldada por pulverização, formação de espuma, extrusão ou fabricação aditiva, gerando peças com formatos livres, na qual ocorrem as etapas finais da mineralização. Quando a luz e a umidade são retiradas, as bactérias morrem e o material está pronto para uso.
Rumo ao mercado
Já tendo delineado e testado o processo, a equipe agora está trabalhando para dimensionar os volumes e determinar as propriedades sólidas desejadas. O objetivo é permitir que os fabricantes produzam materiais de construção ecológicos de base biológica nos volumes necessários, de forma rápida e econômica.
"Nosso método mostra o enorme potencial que pode ser desbloqueado através da tecnologia de biologização. No geral, nosso projeto é uma oportunidade para um grande passo em direção a uma economia circular na indústria da construção e além dela," disse Matthias Ahlhelm, coordenador do projeto.