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Mecânica

Pastilhas de freios contaminam águas subterrâneas com metais pesados

Redação do Site Inovação Tecnológica - 23/03/2007


A poluição das águas subterrâneas, ou do lençol freático, por metais pesados é uma das maiores preocupações ambientais atuais. Os metais pesados têm um impacto cumulativo no corpo humano, podendo levar a diversos tipos de intoxicações, alergia e até à morte. Com o lençol freático contaminado, é quase certo que essa contaminação chegará à população, por meio do serviço de abastecimento de água.

Mas, à exceção dos vazamentos ocorridos em fábricas que não tomam o cuidado devido com o meio-ambiente e dos acidentes localizados, não se conhecia até agora a fonte real dessas contaminações, que estão surgindo por toda parte. Essa dúvida agora foi respondida por pesquisadores do Instituto Fraunhofer, Alemanha.

Pastilhas de freio e pneus

As políticas de combate à poluição tiveram grande ação no setor industrial nos últimos anos, resultando na melhoria dos processos industriais e na diminuição dos acidentes com vazamentos de produtos químicos. Com isto, a indústria "perdeu" a desonrosa colocação de maior responsável pela contaminação do solo e do subsolo.

Pastilhas de freios - Contaminação por metais pesados

Segundo o estudo, que analisou e quantificou a poluição das águas subterrâneas por metais pesados, agora a principal fonte de poluição por cobre, zinco e chumbo é o desgaste das pastilhas de freio e dos pneus dos automóveis.

Apenas por estas fontes, chegam aos lençóis freáticos anualmente 932 toneladas de cobre, 2.078 toneladas de zinco e 80 toneladas de chumbo. Esses dados referem-se apenas à Alemanha, que possui uma frota de cerca de 45 milhões de veículos. É possível extrapolar os número para o Brasil, que possui uma frota um pouco menor do que 30 milhões de automóveis.

Há outros vilões no cenário automobilístico além das pastilhas de freios e dos pneus: as proteções de aço nas rodovias ("guard-rails") e até as placas de sinalização, ambas galvanizadas - recobertas com zinco - também são fontes de metais pesados.

Revestimento metálico de prédios

Mas há um outro vilão aparecendo na lista dos grandes contaminadores dos lençóis subterrâneos: a construção civil, principalmente os grandes edifícios, cujas fachadas estão cada vez mais recebendo revestimentos metálicos. Essas placas metálicas, principalmente de zinco e até de cobre, são duráveis, fáceis de instalar e dão um aspecto moderno às construções.

Porém, ainda que duráveis, essas placas estão sujeitas à corrosão e se desgastam, mesmo que de forma pouco visível a olho nu. Sua deterioração lenta é responsável por levar ao levar ao solo anualmente 682 toneladas de zinco e 25 toneladas de chumbo, a maioria atingindo o cursos d'água por meio dos canais de escoamento de águas pluviais.

Já este dado é mais difícil de ser transposto para o Brasil, devido à falta de um levantamento confiável da área de fachada de prédios com revestimentos metálicos. Também seria necessário uma comparação do padrão de uso dsa calhas e rufos, feitas de chapas de aço galvanizado, muito comuns no Brasil, e nem sempre pintadas adequadamente.

Segundo o pesquisador Thomas Hillenbrand, responsável pela pesquisa, é possível executar-se diversas ações preventivas com vistas a se diminuir o impacto dos metais pesados na contaminação das águas subterrâneas. Na construção civil, por exemplo, é possível orientar os arquitetos, acessíveis ao conceito de prédios ecologicamente corretos, para que sejam utilizadas menos placas metálicas na área externa das construções.

Indústria automobilística

Mas a ação mais urgente, segundo Hillenbrand, é junto à indústria automobilística. A maioria das pastilhas de freio já não possui mais chumbo em sua composição, pelo menos as novas. O problema é mais sério no Brasil, que possui um frota mais antiga e com menor qualidade de conservação.

Contudo, ainda que tecnicamente desnecessário, as pastilhas de freio continuam tendo cobre em sua composição. Já existem pastilhas sem cobre disponíveis no mercado, mas elas ainda não chegaram aos fabricantes de automóveis, estando restritas ao mercado de peças de reposição.

Bibliografia:

Artigo: Einträge von Kupfer, Zink und Blei in Gewässer und Böden
Autores: Thomas Hillenbrand
Link: http://www.umweltdaten.de/publikationen/fpdf-l/2936.pdf
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