Redação do Site Inovação Tecnológica - 24/09/2004
Cupins sempre foram considerados inimigos terríveis das construções. Eles atacam silenciosamente e destroem a madeira antes que se possa preparar para um contra-ataque. Mas agora engenheiros ingleses estão tentando copiar a forma como os cupins constroem suas próprias casas. O objetivo é a construção de residências mais arejadas, auto-suficientes e ambientalmente corretas.
O cupim de montículo (cornitermes cumulans), responsável por aquelas construções peculiares que infestam muitas áreas degradadas no cerrado brasileiro, é capaz de construir sua casa com um ambiente auto-regulável que responde a alterações nas condições internas e externas do ambiente.
Uma equipe multidisciplinar, envolvendo engenheiros e entomologistas - estudiosos de insetos - estão verificando se princípios similares podem ser utilizados para projetar construções que não necessitem de serviços mecânicos, como ventilação ou aquecimento, utilizando, desta forma, menos energia e outros recursos do que os prédios convencionais.
Os montículos dos cupins incorporam uma complicada rede de túneis e conduítes projetados para criar um fluxo de ar que controla a qualidade do ar interno, a temperatura e o nível de umidade. A constância do ambiente é essencial para o crescimento dos fungos responsáveis pela geração de comida para os cupins.
Esses insetos terceirizaram até a produção de sua comida: eles abastecem os fungos com fibras vegetais, pedaços de plantas que eles recolhem, e esperam que a comida fique pronta. É por isso que suas construções são tão eficientes: qualquer variação na qualidade do ambiente pode destruir os fungos e deixar os próprios cupins sem alimento.
O equivalente humano desses montículos "inteligentes", que, espera-se, sejam também esteticamente mais agradáveis, será uma construção que lide com toda a sua necessidade de energia, tratamento de lixo e outras necessidades de forma totalmente autônoma.
Os cientistas estão fazendo um escaneamento digital das casas-de-cupim, o que permitirá ter sua arquitetura tridimensional mapeada em um nível de detalhes nunca alcançado antes. O modelo de computador resultante ajudará a entender exatamente como os montículos funcionam. Esse entendimento propiciará uma plataforma a partir da qual os projetos de casas humanas auto-sustentáveis poderão ser idealizados.
A equipe está sendo liderada pelo Dr. Rupert Soar, da Escola de Mecânica da Universidade Loughborough, Inglaterra.