Redação do Site Inovação Tecnológica - 02/04/2007
Há pouco mais de dois anos atrás, cientistas conseguiram movimentar gotas de água utilizando apenas luz. Agora, pesquisadores norte-americanos e franceses foram além, e conseguiram criar um fluxo em um líquido parecido com sabão, também utilizando apenas a luz de um raio laser de baixa potência.
A descoberta foi feita por acaso na Universidade de Bordeaux. Os físicos sabem que os lasers podem colocar líquidos em movimento transmitindo-lhes calor. Mas os cientistas estavam trabalhando com líquidos que absorvem uma quantidade mínima de calor, insuficiente para gerar movimento. Mesmo assim, observaram o efeito.
Como estava visitando o laboratório, o professor Wendy Zhang, da Universidade de Chicago, foi convidado para verificar o ocorrido. A partir daí, as duas equipes passaram a trabalhar em conjunto para explicar o fenômeno.
Líquido movido com luz
"A luz está realmente nos empurrando levemente. Esse efeito é chamado pressão de radiação," explica Zhang. Essa pressão quase desprezível exercida pelos fótons normalmente passa despercebida. Mas, como o líquido utilizado pelos cientistas de Bordeaux tinha uma tensão superficial incrivelmente fraca, apenas a ação da luz conseguiu deformá-lo.
O resultado foi um longo jato de líquido, que se quebra em minúsculas gotas depois de viajar uma distância supreendemente longa. Na foto, que retrata o evento real, o pequeno retângulo abaixo à esquerda equivale à dimensão aproximada de um fio de cabelo humano.
Quando o feixe de raio laser é redirecionado, o jato de líquido também se dobra, acompanhando-o.
O líquido é uma espécie de sabão, uma mistura que apresenta comportamentos diferentes sob determinadas condições. "Os shampoos e condicionadores são projetados para fazer exatamente isso," explica Zhang. Quando estão no frasco, eles têm uma determinada consistência. Quando adicionamos água, sua consistência muda completamente.
Microfluídica
A pesquisa tem um grande interesse na área de microfluídica, que projeta os chamados microlaboratórios, ou "lab-on-a-chip". Esses laboratórios em um chip possuem minúsculos canais, através dos quais devem ser injetados compostos químicos para a realização de diversos tipos de testes laboratoriais.
Hoje esses microlaboratórios utilizam micro-bombas, embora diversas outras alternativas estejam sendo desenvolvidas. Mas mover esses líquidos utilizando apenas um feixe de raio laser parece ser uma alternativa extremamente promissora.