Redação do Site Inovação Tecnológica - 30/01/2004
O carvão queimado em usinas termelétricas gera energia, mas também produz resíduos sólidos, cinzas, durante o processo. Essas cinzas são normalmente descartadas de forma inadequada, sem atenção ao meio-ambiente, podendo contaminar águas superficiais e subterrâneas. Mas agora uma pesquisadora do IPEN (Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares) descobriu uma forma de converter essas cinzas tóxicas em material capaz de descontaminar áreas já poluídas.
A Dra. Denise Alves Fungaro, pesquisadora na área de química ambiental, descobriu uma alternativa viável para o aproveitamento desses resíduos, tranformando as cinzas em um material absorvente de baixo custo, capaz de remover substâncias tóxicas de águas contaminadas.
As cinzas de carvão mineral são constituídas basicamente de sílica e alumina, sendo possível convertê-las em material zeolítico após tratamento hidrotérmico em meio alcalino. Zeólitas são materiais que contêm poros microscópicos, que funcionam como filtros, retendo praticamente todos os metais tóxicos e até algumas substâncias orgânicas.
A idéia está sendo testada com êxito na Usina Termoelétrica de Figueira (Paraná), que possui uma capacidade de geração de 20 MW. O material zeolítico gerado a partir das cinzas da usina foi utilizado para descontaminar a água proveniente de um processo industrial de galvanoplastia contendo altos níveis de zinco. Obteve-se uma média de 88% de remoção e a quantidade do metal na água após o tratamento estava dentro dos limites permitidos pela legislação para descarte no meio ambiente. No processo, cada 1 Kg de zeólita remove até 36 g do metal presente na água.
A substituição da resina normalmente utilizada pela zeólita sintetizada a partir das cinzas de carvão pode representar uma economia de cerca de 42% para as indústrias do setor de processamento de metais. Outro ponto importante é que a zeólita pode ser regenerada e reutilizada, tornando o processo ainda mais econômico.
O material zeolítico poderá ser também utilizado em filtros e barreiras, na correção de solos e no tratamento das águas de drenagem ácida que são geradas na própria usina termelétrica.