Redação do Site Inovação Tecnológica - 15/12/2003
Um fenômeno acústico até agora estudado por seus efeitos em submarinos poderá ser a base de uma nova técnica de desinfecção, capaz de rapidamente matar microorganismos em instrumentos médicos sem a necessidade de altas temperaturas ou produtos químicos cáusticos.
Estudos preliminares feitos por cientistas da Universidade da Georgia (Estados Unidos) mostraram que a técnica é capaz de matar mais de 90 por cento das bactérias em uma pipeta de testes que também continha uma solução de álcool isopropílico.
"Endoscópios complexos e extremamente caros e outros equipamentos médicos desse tipo são vulneráveis ao calor, o que transforma sua limpeza em um desafio," explica o Dr. Stephen Carter, que divide a descoberta com seu colega Kenneth Cunefare. "Nós acreditamos que nossos métodos irão esterilizar em menos tempo, o que poderá ser uma vantagem significativa para equipamentos médicos caros."
A técnica, já patenteada, utiliza a cavitação, um fenômeno no qual ondas sonoras induzem a formação de vazios ou bolhas em um gás ou líquido. Quando essas bolhas se desfazem, elas liberam energia. Pressurizando a câmara de testes enquanto induzindo a cavitação, os cientistas criaram uma forma de cavitação transiente que causa o estouro violento das bolhas.
Essa cavitação aprimorada tira vantagem do "efeito de profundidade anômala", no qual o impacto do estouro da bolha aumenta dramaticamente quando sujeito a tão somente o dobro da pressão atmosférica normal. Pesquisadores estudam esse fenômeno há anos, porque ele pode danificar os propulsores de submarinos quando esses navegam em grandes profundidades.
Quando aplicado a uma solução de 66 por cento de álcool isopropílico contendo duas formas de bactérias (Bacillus stearothermophilus e Bacillus subtilis) a nova técnica conseguiu reduzí-las em mais de 90 por cento em períodos de apenas 10 a 15 minutos.
Interessante é que os cientistas já provaram que seu método funciona, mas eles não sabem explicar exatamente o porquê. O mecanismo pelo qual a cavitação, a pressão e o álcool se combinam para matar as bactérias ainda permanece uma incógnita.