Thiago Romero - Agência FAPESP - 15/01/2007
Para aumentar a eficiência da atracação de navios nos portos brasileiros, pesquisadores do Departamento de Engenharia Naval e Oceânica da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP) desenvolveram um simulador computacional que calcula com antecedência a viabilidade da manobra a ser executada.
A inovação do programa está na capacidade de simular operações em águas rasas e restritas, ambiente comum em canais e baías próximas aos portos, de modo a evitar acidentes durante os movimentos horizontais das embarcações: avanço (para frente e para trás), deriva (para os lados) e guinada (rotação).
Segundo o coordenador da equipe responsável pelo desenvolvimento do simulador, Jessé de Souza Júnior, o programa faz um cruzamento de informações coletadas em situações reais de atracação, como dimensões, forma e peso do casco do navio, posição de acionamento do leme, direção e velocidade do vento e da correnteza, potência dos motores e distâncias das margens e do fundo do canal.
"A partir dessas variáveis, o programa utiliza modelos matemáticos para fazer cálculos exatos da reprodução da trajetória do navio na prática. O resultado é a apresentação de uma série de recomendações técnicas dos procedimentos a serem seguidos para que a embarcação entre com segurança no porto", disse Souza Júnior à Agência FAPESP.
A ferramenta permite que o prático - profissional habilitado pela Capitania dos Portos para a condução de embarcações - reproduza em tempo real as recomendações descritas pelo software, incluindo os ângulos das manobras e o tempo exato para executá-las.
Segundo Souza Júnior, o programa já está sendo usado no porto de Vitória pela Companhia Vale do Rio Doce. Em um exemplo, os técnicos da empresa queriam saber se era possível atracar uma embarcação de 250 metros de comprimento, dimensão maior do que aquela que o porto recebe normalmente.
"A princípio, achava-se que o navio passaria muito perto do fundo do canal, o que poderia inviabilizar as manobras, mas, em poucas horas, as modelagens do simulador comprovaram a viabilidade técnica do procedimento", conta o professor do Departamento de Engenharia Naval e Oceânica da Poli.
"Outro ponto importante é que, devido ao excesso de embarcações nos portos brasileiros, as distâncias para as manobras são cada vez menores e a segurança das operações é sempre prioridade", explica Souza Júnior,
O Simulador de Manobras de Navios em Águas Rasas e Restritas foi apresentado à comunidade acadêmica e empresarial no 21º Congresso Nacional de Transportes Marítimos, Construção Naval e Offshore, realizado no Rio de Janeiro.