Com informações da NewScientist - 18/10/2006
Reação de matéria com antimatéria
Misturar matéria e antimatéria normalmente tem conseqüências previsivelmente violentas - as duas se aniquilam mutuamente em uma violenta explosão de energia.
Mas físicos em Genebra, na Suíça, descobriram uma nova forma de fazer as duas combinarem, ao menos brevemente, em uma única substância. Essa coisa excepcionalmente instável, feita de prótons e antiprótons, é chamada protônio.
Partículas de antimatéria carregadas compartilham a mesma massa que suas contrapartidas de matéria normal, mas carregam uma carga oposta.
Imagina-se que os dois tipos de matéria tenham sido criados em quantidades iguais no Big-Bang, mas, por razões ainda desconhecidas, hoje há muito mais matéria do que antimatéria no universo.
Apesar disso, alguma antimatéria se forma naturalmente no espaço, em colisões entre partículas carregadas, e quantidades limitadas têm sido produzidas em laboratório.
Antiquímica
Em uma façanha de "antiquímica", uma porção dessa antimatéria artificial foi quimicamente combinada com matéria normal em um experimento no laboratório de física de partículas do laboratório CERN - mas ninguém percebeu isso naquele momento.
A reação ocorreu quando antiprótons e pósitrons - os equivalentes aos elétrons da antimatéria - foram postos na mesma armadilha magnética. Alguns deles se combinaram para formar antihidrogênio, que era o objetivo inicial da experiência.
Agora parece que a mesma configuração também produziu um tipo ainda mais peculiar de matéria, um híbrido de matéria e antimatéria, de acordo com uma análise do padrão de partículas ejetadas do experimento.
Os pesquisadores, liderados por Evandro Rizzini, da Universidade de Brescia, Itália, acreditam que alguns dos antiprótons reagiram com moléculas ionizadas de hidrogênio comum, arrancando-lhes um próton.
Esses sistemas próton-antipróton duraram apenas alguns microssegundos, mas foi tempo suficiente para que muitos deles fluíssem para fora do núcleo do experimento antes de explodir.
Protônio
O protônio já foi fabricado antes, mas apenas em violentas colisões de partículas. O novo método químico poderá ser utilizado para fabricá-lo em quantidades muito maiores.
"A probabilidade de formação é muito alta," diz Rizzini. Com milhares de átomos de protônio, poderá ser possível estudá-los mais de perto. Rizzini acredita que eles irão ajudar a testar as atuais teorias da física de partículas - embora outros pesquisadores digam que seu tempo de vida muito breve poderá tornar isso impossível.