Thiago Romero - Agência FAPESP - 20/12/2006
Ao tentar avaliar os riscos ao ambiente e à saúde humana por parte de plantas geneticamente modificadas, pesquisadores da Embrapa Meio Ambiente, em Jaguariúna (SP), desenvolveram uma nova metodologia. O novo sistema auxilia a avaliação das plantas transgênicas para permitir que seu emprego seja feito de maneira tão segura quanto o das plantas convencionais.
A fase anterior ao plantio de uma planta geneticamente modificada consiste na identificação de seus riscos potenciais para minimizar o impacto ambiental causado pelas práticas ligadas ao cultivo. Atualmente, esse trabalho é feito sem o emprego de uma metodologia definida, ficando a cargo dos avaliadores a responsabilidade de elencar os parâmetros mais representativos para uma avaliação segura.
"A nova ferramenta, que pode ser aplicada em qualquer planta, sugere uma série de indicadores de risco e os insere em uma escala numérica que vai de 1 a 32", disse Katia Regina Evaristo de Jesus, pesquisadora da área de Biossegurança da Embrapa Meio Ambiente, à Agência FAPESP.
"Com a aplicação de um método prático que avalia as plantas geneticamente modificadas, a proposta é fazer com que os produtores consigam definir os impactos negativos nas culturas agrícolas, antes de seus efeitos atingirem o meio ambiente e a saúde humana", explicou Katia.
Um software gratuito com a metodologia completa e as planilhas em formato eletrônico, intitulado GMP-RAM, está disponível para download gratuito no site da Embrapa Meio Ambiente.
Parâmetros de avaliação
Segundo Katia, os métodos convencionais não oferecem a garantia de uma análise condizente com a classe de risco de uma planta geneticamente modificada, devido ao elevado grau de subjetividade durante o processo. Com a nova metodologia, a avaliação do risco poderá ser feita a partir de duas ferramentas: a planilha para a compilação da "evidência de risco" e a "matriz de avaliação de risco".
A primeira apresenta sugestões de parâmetros gerais que devem ser avaliados para qualquer planta transgênica, abrindo a possibilidade de inserção de indicadores mais específicos. "Dentre os indicadores sugeridos estão desde parâmetros diretamente ligados às características das plantas ou de suas modificações genéticas, até questões relacionadas às ocorrências inesperadas, como fluxo gênico e disseminação de organismos geneticamente modificados devido a falha operacional", explica Katia.
A "matriz de avaliação de risco" apresenta todos os riscos em um formato visual para a ilustração do manejo que deve ser empregado para garantir o uso seguro da planta. "O produtor consegue visualizar quais são os indicadores que mais necessitam de monitoramento para, em seguida, tomar atitudes específicas para cada caso. As medidas a serem tomadas são agrupadas de acordo com um nível crescente de exigências", explicou Katia.